"Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus."
PENSE NISTO: "O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego!" (Albert Einstein).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Grande Tribulação de Jesus e a História

- por René Burkhardt | 06 de Julho de 2011

Ouvi dizerem, algumas vezes: “A grande tribulação, sobre a qual Jesus profetizou (Mt 24.15-22), já aconteceu no ano 70 A.D., quando os romanos invadiram Jerusalém e destruíram o Templo. Essa é uma profecia para os judeus e se cumpriu integralmente. Foi uma tribulação inigualável para eles, naqueles dias!”.

Confesso que, lendo esse trecho da Palavra, nunca fui levado a pensar que a profecia de Jesus tivesse se cumprido já naquela época. Sempre tive a impressão de que tais coisas ainda estavam por se cumprir, visto que não havia relatos de que alguns detalhes mencionados pelo Senhor tivessem acontecido. Busquei no Senhor o entendimento e, após vários meses, Ele me fez comparar a História com Sua profecia.

O historiador judeu Yosef ben Mattityahu, conhecido como Flávio Josefo, foi testemunha ocular da invasão romana a Israel e, especificamente, a Jerusalém, no ano 70 A.D.. Josefo era um ex-fariseu e comandante das forças nacionalistas judaicas na Galiléia. No ano de 67 A.D., Vespasiano, principal comandante romano, foi enviado, com cerca de cinqüenta mil soldados, para sufocar o levante judeu contra Roma, que se concentrava principalmente em Jerusalém. O ataque de Vespasiano começou no norte de Israel que, ao contrário de Jerusalém, ofereceu pouca resistência. Por exemplo, as famílias judias que ocupavam a fortaleza galiléia de Jotapata, defendida por Josefo, preferiram cometer suicídio a se renderem ao inimigo. Quanto a Josefo, ele passou para o lado dos romanos.

No verão do ano 70 de nossa era, a Décima Legião de Vespasiano chegou às portas de Jerusalém e sitiou a cidade. Nessa época, chegou um mensageiro vindo de Roma para comunicar que o imperador havia morrido e que Vespasiano tinha sido escolhido como seu sucessor. Vespasiano retornou a Roma para assumir seus deveres como imperador e entregou a seu filho Tito, comandante da Décima Legião, a tarefa de completar a tomada de Jerusalém. O ataque começou dias depois, com um bombardeio de catapultas que durou dois meses, até que, finalmente, os romanos romperam o muro. Indo de casa em casa, os conquistadores incendiaram a cidade, massacrando todos os judeus que encontravam pela frente.

Embora enfraquecidos pela fome, os judeus defenderam o monte do Templo contra a invasão dos romanos por três semanas. Então, no nono dia do mês de Av (agosto), os romanos atingiram o complexo do Segundo Templo. Depois disso, os romanos saquearam o Templo e retiraram dele todos os objetos de valor.

Dio Cássio, historiador romano, descreveu a resistência final dos judeus reunidos em torno do recinto sagrado:

O povo estava posicionado embaixo, no pátio, os anciãos nos degraus, e os sacerdotes no Santuário propriamente dito. E, embora eles fossem apenas um punhado de pessoas lutando contra um exército muito superior, só foi possível derrotá-los depois que uma parte do Templo foi incendiada. Diante disso, eles buscaram a morte. Alguns se lançavam contra as espadas dos romanos, outros matavam seus companheiros, outros tiravam a própria vida e outros se jogavam no meio das chamas. Parecia a todos, e principalmente a eles mesmos, que, longe de ser uma derrota, o fato de perecerem junto com o Templo representava vitória, salvação e felicidade”.

Uma vez começado o incêndio do Templo, os romanos cortaram as árvores daquela área para fazer uma grande fogueira em torno da estrutura. A umidade acumulada nos blocos de pedra calcária do Templo se expandiu com a alta temperatura e explodiu as paredes. E todo o edifício sagrado ruiu EM UM SÓ DIA.

Diante desse relato, é impossível afirmar que a grande tribulação mencionada por Jesus em Sua profecia tenha ocorrido nessa época. O Senhor diz que quando as pessoas vissem o homem poderoso, sobre o qual o profeta Daniel falara, no Templo, então (e só então) os que estivessem na Judéia deveriam fugir, assim como todas as outras pessoas, sem voltarem às suas casas. Mas, se quando o exército romano chegou ao Templo, a Judéia já havia sido subjugada e os habitantes de Jerusalém já haviam sido mortos, esse alerta não faria sentido! As pessoas teriam sido pegas antes do tempo indicado para sua fuga. E Jesus não disse nada que não fizesse sentido!

Também devemos considerar que Jesus deixou claro que o homem poderoso é aquele mencionado por Daniel. De acordo com este, e com Jesus também, esse homem ordenaria coisas terríveis a partir do Templo, o ‘lugar santo’. Mas o exército de Tito destruiu o Templo e isto em um só dia. Não havia como Tito, que não era o homem mais poderoso da época, se exaltar como um deus e determinar coisas terríveis a partir de um lugar que não existia mais.

Além disto, o Senhor fala sobre tribulação nunca antes experimentada e esse tipo de cerco e invasão violenta sofridos por Jerusalém no ano 70 A.D. já haviam acontecido outras vezes (por Nabucodonosor em 586 a.C. e por Antíoco Epifânio em 167 a.C.). E Ele também esclarece que é a partir do momento que o ‘abominável da desolação’ se coloca no Templo, que a grande tribulação teria início. Não seria o caso de haver uma grande tribulação para que ele chegasse ao lugar santo, como aconteceu com essa invasão romana, mas exatamente o contrário disto.

Com as palavras de Jesus, levando também em consideração o que Daniel diz sobre o abominável da desolação, somos levados a entender que as pessoas estariam vivendo normalmente, em paz, sem nenhuma expectativa de grandes problemas, e, de repente, um homem de grande poder na época faria cessar o sacrifício diário do judaísmo e entraria no Templo por conta própria, blasfemando contra Deus e se ostentando como um deus. E isto por um bom tempo, não por um dia apenas, que foi o tempo que os romanos levaram para destruir o Templo no ano 70 A.D.. A partir desse momento é que começaria uma ‘grande tribulação’.

Assim, mantenho minha convicção de que a grande tribulação, mencionada por Jesus em Sua profecia, ainda está por vir, já que ela não teria acontecido naquela época, nem em nenhuma outra, até hoje!

Fonte dos dados históricos: http://www.beth-shalom.com.br/artigos/jerusalem.html

8 comentários:

Regina Farias disse...

R.

Muito boa sua pesquisa, aprendi mais um pouco (pra variar rss)

Aproveito pra dizer que sempre que leio Mateus 24 vejo essa grande tribulação fragmentada em vários espaços de tempo, com acontecimentos em mais de um cumprimento, englobando os desastres naturais e os que dizem respeito aos relacionamentos: amor esfriando, iniquidade aumentando...

Por outro lado, mesmo sabendo que será uma "grande tribulação como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem jamais haverá", não devemos nos assustar em absolutamente nada, pois o que Jesus tem nos ensinado é justamente a não nos precipitarmos, vivermos dia após dia, vivermos o mal de cada dia, não sermos ansiosos com absolutamente nada.

Ou seja, o enfoque principal é para a fé e a obediência em meio à divulgação constante do Evangelho, ainda que venha o inevitável sofrimento.

Obrigada por nos presentear com estudo tão valioso e sempre oportuno.

Abs,

R.

René disse...

Pois é, Rê,

Eu só não vejo essa 'grande tribulação' dessa forma fragmentada que você colocou, porque o Senhor a vinculou às profecias de Daniel, o que dá um 'prazo de validade' para ela. Essa fragmentação, na verdade, de acordo com Jesus, faz parte ainda do 'princípio das dores'.

Mas o que você disse logo depois é muito importante: não devemos nos assustar com absolutamente nada. Pelo contrário, devemos nos alegrar, porque o 'fim' estará próximo.

Forte abraço e continue na Paz!

Regina Farias disse...

Exatamente, René!

Embora você não tenha percebido, estou falando a mesma língua que você, alooow!

Quando digo 'fragmentada', refiro-me ao 'princípio das dores'.

Valeu!

R.

Alan Capriles disse...

Querido amigo,

Seu texto é muito bom, com dados históricos muito interessantes. Mas, não sei se já toquei no assunto, minha interpretação acerca da grande tribulação é diferente, devido as evidências que encontro no relato do evangelho segundo Lucas.

Neste evangelho fica claro que os cristãos deveriam fugir rapidamente assim que vissem Jerusalém "cercada de exércitos" (Lc 21:20). Como você bem colocou, Jesus não diria nada sem sentido, portanto, uma vez que foi exatamente isso que ocorreu no ano 70 d.C, não há porque crer que ocorrerá novamente. A não ser, é claro, que aceitemos a interpretação tradicional a respeito da "abominação da desolação" de Daniel. Aliás, Lucas nem sequer o menciona, parecendo dar sua interpretação do que seria. Basta comparar Mt 24:15-16 com Lc 21:20-21. Insisto nesta comparação, porque ela é bastante elucidativa. Por favor, compare.

Mas existe ainda mais uma forte razão para que eu creia que esta profecia já se cumpriu. Encontra-se no final deste relato da destruição de Jerusalém, no vv.24: "Cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos. Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se completem." Ora, sabemos que isso também já aconteceu: desde 70 d.C. até 1948, quando a ONU criou o Estado de Israel.

E, por que o Senhor disse "ai das grávidas e das que estiverem amamentando"? Flávio Josefo explica. Porque a fome era tanta, que o leite das mães secavam, seus bebês morriam e, no desespero, alguns pais comiam seus próprios bebês. Sinceramente, eu não consigo imaginar tribulação maior do que esta!

Por outro lado, existe a possibilidade de que profecias que já se cumpriram voltem a se cumprir novamente. Portanto, prefiro concluir meu comentário com este ponto de equilíbrio. Ou seja, já se cumpriu (basta ler Lc 21:20-24) mas poderá se cumprir novamente.

Mas não importa se temos diferentes interpretações escatológicas, o mais importante é não divergirmos naquilo que é essencial: o evangelho de Cristo. E nisso eu sei que estamos em harmonia, para glória de Deus.

Um forte abraço, na graça e paz de nosso amado Jesus!

René disse...

Rê,

Me desculpe pela ignorância! Li rapidamente seu comentário, na primeira vez, e pensei que você estivesse falando de uma tribulação fragmentada ao longo do tempo.

Lendo com mais atenção, vejo que você está falando corretamente de 'sombras', ou 'sinais', dessa tribulação ao longo do tempo. E é isto mesmo! Concordo inteiramente com você!

Abração e Paz!

René disse...

Meu querido Alan,

Fico feliz que você comente com um ponto de vista diferente do meu. Essa discussão, em Paz, certamente ajuda no aumento do nosso conhecimento. E esta é a primeira vez que você comenta sobre este assunto comigo.

Não vejo muita diferença no relato de Lucas. Apesar de ele não mencionar a 'abominação desoladora', ele também relata um acontecimento diferente daquele que aconteceu no ano 70: primeiro, no verso 20, como você citou, ele fala em um cerco por "exércitoS" (no plural), dando a entender que se trata de uma força militar formada por mais de um país.

Segundo, logo a seguir, no verso 21, ele diz que as pessoas que estão na Judéia devem fugir. De acordo com a História, mencionada no texto, os romanos dominaram a Judéia totalmente, antes de cercarem Jerusalém. Portanto, um conselho para fugir perde seu sentido.

Quanto ao fato das pessoas comerem seus próprios filhos, por conta da fome extrema, repito que isto já havia acontecido antes, lá.

É certo que foi uma grande tribulação, o que os judeus passaram naquela época, mas não foi 'A Grande Tribulação' a qual parece que o Senhor Se refere. Veja que as palavras de Jesus dão uma impressão de vida com liberdade na época em que tais coisas devem acontecer. As pessoas estariam trabalhando normalmente, vivendo normalmente, com a possibilidade de fugir sem impedimentos, no momento em que vissem determinado detalhe acontecendo. A invasão romana daquela época foi longa, demorada. Começou no ano 67 A.D., com todos sabendo o motivo e a intenção deles. Não foi o caso do exército descer a estrada de Damasco para Jerusalém, direto, para cercar a cidade onde se concentrava o problema e de forma que o povo pudesse pensar que haveria uma negociação que redundasse em paz. Se tivesse sido assim, quando o exército romano estivesse às portas da cidade, o povo da Judéia e do restante do País teria condições de fugir, sim. Então, o alerta de Jesus faria todo o sentido! Mas...

E a dualidade das profecias, que você mencionou, é bastante comum, sim. Antes dessa profecia, Jesus havia profetizado sobre a destruição do Templo, o que levou à pergunta sobre quando aconteceriam tais coisas. Talvez seja exatamente isto que provoque essa variedade de interpretações sobre o assunto.

Mas, como você bem lembrou, o importante é não divergirmos quanto ao Evangelho de Cristo, que é o essencial. Quanto à escatologia, um dia saberemos quem interpretou mais adequadamente e, provavelmente, nem daremos bola pra isto!!! rssss

Abração, meu querido amigo, e Paz!

Discípulo de Cristo disse...

Paz, irmão René.

Para mim também está claro que a grande tribulação sobre a nação judáica ainda está por vir no governo do anticristo, período em que as Noivas Prudentes (Igreja) já foram arrebatadas, conforme Mateus 25. Quanto a destruição do Templo já ocorreu no Ano 70 A.D.(Marcos 13. 1-2).
Com relação a grande tribulação propriamente dita de Mateus 24, ainda está porvir.


Pelo o que eu tenho observado em minha caminhada cristã sobre as interpretações bíblicas, principalmente escatológicas, elas seguem uma prédileção daqueles que as interpretam, por exemplo:

Existem pessoas, inclusive evangélicos, que colocam a causa ecológica de preservar o planeta em primeiro lugar, ou seja, amam mais o "verde" do que os carentes e necessitados deste mundo.

Outros afirmam que já estamos vivendo o Milênio aqui na Terra. Ou seja, existe uma aversão ao Juízo de Deus.
Estes são apenas alguns exemplos de como as pessoas podem ser influenciadas a entender das Escrituras aquilo que lhe é conveniente, conforme desejos mais egoístas.

Observei que não tens seguidores, portanto se o irmão permitir, estarei divulgando o seu blog no meu espaço.

Convido a visitar meu blog, fique a vontade para comentar.

Um abraço do Discípulo
J.C.de Araújo Jorge

Paz Seja Contigo!

René disse...

Querido irmão J.C. de Araújo,

Você está correto: existe uma diversidade de interpretações bíblicas e cabe a nós buscarmos, sempre, junto ao Espírito de Cristo, o entendimento correto da Palavra do Senhor, mesmo em assuntos secundários, que não influem em nossa salvação, como é o caso do assunto aqui abordado e de grande parte da escatologia.

Veja, como exemplo, que partilhamos do mesmo entendimento quanto à Grande Tribulação e, no entanto, divergimos quanto à questão do arrebatamento, que você crê que ocorra antes dessa Tribulação, enquanto eu creio que ele ocorrerá ao final dela. Esta divergência, como comentou o pastor Alan, acima, não afeta nossa salvação, porque o que realmente importa é que tenhamos o mesmo pensar sobre o Evangelho de Cristo, as boas novas que estão em Jesus para a salvação de todo aquele que crê.

Quanto aos 'seguidores', realmente não tenho mais o 'gadget', retirado voluntariamente por mim. É claro que o irmão pode divulgar este blog em seu espaço e que isto seja para a honra e glória do Senhor, não nossa.

Abração e continue na Paz!