"Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus."
PENSE NISTO: "O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego!" (Albert Einstein).

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Santidade e o Espírito Santo

- por Charles G. Finney

"Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir." Jo 16:7-13


A influência divina é necessária para instruir e purificar as mentes dos homens. Mas um conhecimento muito pequeno do Evangelho está disponível entre os homens e isso exerce, proporcionalmente, uma pequena influência. O Evangelho começou a produzir uma forte santificação sobre a terra. Nós precisamos de influência divina para chegarmos aos objetivos do Evangelho? E, se precisamos, em que nível precisamos e por que? Se nossas mentes têm dúvidas sobre esta questão, então teremos dúvidas sobre, praticamente, todos os assuntos que concernem a nossa santificação.

A IMPORTÂNCIA DA COMPREENSÃO

A mente humana pode compreender aquelas idéias abstratas que formam o esqueleto do Evangelho, o ser e o caráter de Deus, a autoridade divina, a inspiração das Escrituras e outras doutrinas fundamentais que formam sua estrutura. Ela pode entender e ver as evidências que as suportam como verdade, assim como as teorias na ciência. O homem pode entender a lei de Deus com sua razão. Isto requer que ele exercite perfeito amor por Deus e por todos os outros seres. Ele pode entender essa obrigação, porque ele é um ser moral. Ele sabe, por experiência, o que é o amor, já que ele exercitou amor por diferentes coisas. E ele pode, portanto, formar ou compreender a idéia do amor para ver a razão do que é requerido. Ele pode entender o fundamento e a força da obrigação moral e ver, em certa medida, o grau de sua obrigação de amar a Deus. Ele também pode ver que é um pecador e não pode ser salvo por suas próprias obras. Ele infringiu a lei e nunca poderá justificar-se. Ele sabe que, para estar salvo para sempre, ele precisa ser justificado através de um simples perdão. O entendimento humano é capaz de conhecer todo o círculo da teologia como um sistema de propósitos a serem recebidos e cridos, evidentemente, como qualquer outra ciência. Mas uma razão sem auxílio, não pode levar a qualquer conhecimento que produza uma mudança santificadora. Nosso conhecimento das coisas do cristianismo é defeituoso sem a ajuda do Espírito Santo. Para os homens entenderem o Evangelho, faltam certas coisas que o tornem possível para a salvação.

Precisamos distinguir entre o conhecimento que pode estar disponível para aquele que quer amar e obedecer a Deus, e o que estará disponível para o pecador sem nenhum interesse em santidade. Aquele que está disposto a fazer o certo, seria influenciado por uma visão muito mais clara e vívida dos temas, do que aquele disposto a fazer o errado. Caso o conhecimento a ser obtido por nossas faculdades existentes nos influenciasse a fazer o certo, isto seria duvidoso, se não tivesse nenhum pecado no mundo. O conhecimento que Adão tinha no estado de inocência não ajudou a influenciá-lo a fazer o certo. Mas, agora, estamos falando de coisas que estão neste mundo e precisamos mostrar por que os pecadores não podem entender as coisas divinas que os influenciariam a amar e servir a Deus. O conhecimento precisa influenciar a mente. O desejo precisa ser controlado. Para fazer isto, a mente precisa entender coisas e ativar a emoção, correspondendo ao assunto em pauta. O simples intelecto nunca levará a alma a agir. Uma pura abstração científica do intelecto, que não ativa qualquer emoção, é incapaz de mexer com o desejo.

Para influenciar os pecadores a amar e obedecer a Deus, você precisa luz suficiente para abrir a mente poderosamente e produzir fortes emoções. As razões para a obediência precisam surgir com força e vívidas e precisam submeter seus corações rebeldes e trazê-los voluntariamente a obedecerem a Deus. Este é o conhecimento útil. Isto, os homens nunca podem conseguir sem o Espírito de Deus.

LIMITAÇÕES DA PERCEPÇÃO

Nossas mentes estão presas no corpo e recebem idéias de assuntos externos através dos sentidos. Por nós mesmos, nunca podemos obter conhecimento suficiente sobre coisas espirituais ou eternas a ponto de influenciar nosso querer. Nossas forças físicas não foram criadas para isso. Todas as idéias que podemos ter sobre o mundo espiritual são por analogia, figuras, parábolas, tipos, etc., comparando-as com as coisas que nos cercam. Todas as idéias transmitidas para nossas mentes, desse modo, são extremamente imperfeitas e não temos a idéia verdadeira. Palavras são simples sinais das idéias. Não são as idéias, mas a representação da idéia. É muito difícil, às vezes impossível, transmitir idéias através de palavras. Pegue uma criança pequena e tente conversar com ela. Certamente é difícil colocar suas idéias na mente dela. Ela precisa ter alguma experiência com as coisas que você está tentando explicar para ela, antes que você possa transmitir idéias através de palavras para ela. Imagine que você nasceu cego e nunca viu as cores. Então, suponha que eu tentasse descrever uma grande e bela pintura para você. Nenhuma linguagem que eu pudesse usar permitiria que você formasse um quadro disso em sua mente. Qualquer assunto que precisemos descrever usando linguagem figurada será visto como defeituoso e inadequado. Você ouviu descrições de pessoas ou lugares que você pensava ter imaginado corretamente, mas, quando você os viu, você descobriu que a sua concepção estava errada.

Suponha que um indivíduo de outro planeta, onde tudo é de maneira invertida, tivesse visitado este mundo. Se ele aprendeu nossa linguagem e tentou descrever o mundo que ele deixou, nós entenderíamos de acordo com nossas idéias e experiências. Se a analogia entre os dois mundos é imperfeita, nosso conhecimento das coisas de lá, de acordo com sua descrição, seria proporcionalmente imperfeita. Assim, quando encontramos na Bíblia descrições do céu, inferno, ou qualquer coisa do mundo invisível, não podemos ter idéias verdadeiras de toda a realidade através de simples palavras.

DERRUBANDO OBSTÁCULOS

A maldade de nossos corações perverte nosso julgamento e fecha demais as nossas mentes, para que possamos entender. Quando a mente de um homem está de tal modo pervertida sobre qualquer assunto, que ele venha a negar as evidências ligadas a isso, ele não pode chegar a um conhecimento da verdade. Este é o nosso caso a respeito do cristianismo. A perversão do coração apaga a luz de tal forma que o intelecto não alcança e não pode alcançar as idéias que ele, de outra maneira, poderia obter. Preconceito é um grande obstáculo para receber o conhecimento correto relativo ao cristianismo. Pegue o caso dos discípulos. Eles tinham fortes preconceitos judeus a respeito do plano de salvação, tão fortes, que todas as instruções do próprio Cristo não poderiam fazê-los entender a verdade. Depois de ensiná-los por três anos, Ele ainda não conseguia colocar em suas mentes o princípio básico do Evangelho. Até Sua morte, Jesus não pode fazê-los ver que era necessário que Ele morresse e fosse elevado da morte. Então, Ele disse em Sua última conversa: "Se eu não for, o Consolador não virá a vocês; mas, se eu partir, eu o mandarei para vocês". Este era o plano maior de Sua saída de perto deles, que o Espírito da Verdade pudesse vir e colocá-los de posse das coisas que Ele quis mostrar através das palavras que Ele usou para ensiná-los.

A verdade geral é esta: sem iluminação divina, os homens podem entender o suficiente da Bíblia para convencê-los e condená-los, mas não o suficiente para santificá-los e salvá-los.
Alguns podem perguntar: "Qual, então, é o uso da revelação?". A Bíblia é tão clara quanto pode ser. Jesus deu instruções para Seus discípulos tão claramente quanto Ele poderia, como um pai faria com um filho pequeno. Mas, sem a iluminação divina, a razão do homem não auxiliada nunca conseguiu e nunca conseguirá obter qualquer conhecimento útil do Evangelho. A dificuldade está na pessoa. A Bíblia contém o Evangelho tão claro quanto o pode ser. Ela contém os sinais das idéias, da melhor forma que a linguagem pode representar as coisas do cristianismo. Nenhuma linguagem, que não a linguagem figurada, pode ser usada com esse propósito. E isto será, para sempre, inadequado para colocar nossas mentes, por elas mesmas, de posse dessas coisas. A dificuldade está em nossa ignorância, pecado e na natureza humana. É por isto que precisamos da iluminação divina, para ganharmos o conhecimento do Espírito Santo sobre o Evangelho. O Espírito de Deus sozinho pode nos dar essa iluminação. A Bíblia diz: "...ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo." (1Co 12.3). A proposta abstrata da divindade de Cristo pode ser provada como uma questão científica. Mas nada além do Espírito Santo pode colocar a mente de posse da idéia que Cristo é Deus. Somente Ele pode santificar o coração.

"Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele, que da parte do Pai, tem ouvido e aprendido, esse vem a mim." (Jo 6.44-45). Aqui está evidente que o desenho apresentado ensina sobre o Espírito Santo. Eles precisam ser chamados por Deus e aprender do Pai antes de terem o conhecimento das coisas requeridas do cristianismo para vir a Cristo.

O ESPÍRITO DA VERDADE

Jesus disse: "É necessário para vocês que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vocês". A palavra 'paracletos', aqui traduzida para Consolador, significa, mais propriamente, 'auxiliador' ou 'professor, o que ensina'. "Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir." (Jo 16:7-13). E, no capítulo quatorze, o Salvador diz: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós." (Jo 14.16-17). De novo, no versículo vinte e seis, Jesus diz: "mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." (Jo 14.26). Aqui você vê que a função do Espírito de Deus é instruir a humanidade a respeito das coisas sobre Jesus.

Ninguém além do Espírito de Deus pode reunir essas faculdades. Nenhum ensino por palavras, mesmo que por Jesus Cristo, por Seus apóstolos, ou por qualquer professor, vindo através dos sentidos, pode colocar a mente de posse das coisas espirituais. Precisamos de alguém para nos ensinar, que não tenha que depender de palavras, ou de meios através dos sentidos. Precisamos de algum meio no qual as próprias idéias possam ser trazidas para nossas mentes, não apenas os sinais das idéias. Isso o Espírito de Deus pode fazer. Como o Espírito de Deus faz isso, nunca saberemos neste mundo. Mas o fato é inegável: Ele pode alcançar a mente sem o uso de palavras e pode colocar nossas mentes de posse das próprias idéias. Tipos, figuras e palavras são, apenas, representações imperfeitas. O professor humano pode, apenas, apelar para os nossos sentidos e acha impossível nos dar a posse de idéias que nunca experimentamos. Mas o Espírito de Deus, tendo acesso direto à mente, pode, através de sinais exteriores, comunicar idéias novas para nós. O Espírito de Deus instantaneamente nos revela a passagem da Escritura que, em todo nosso estudo e esforço, nós nunca poderíamos ter entendido!

Pegue novamente o caso da pintura. Suponha que a congregação fosse cega e eu estivesse tentando descrever essa pintura. Agora, suponha que, enquanto eu estivesse tentando fazê-los entender as várias distinções e combinações de cores, os olhos de todos, de repente, fossem abertos! Eles poderiam, então, ver por si próprios o que eu estava, inutilmente, tentando trazer a suas mentes com palavras. O Espírito Santo abre o olho espiritual e traz as coisas, que tentamos descrever por analogia e sinais, diante da mente e nos dá a posse completa da coisa, como ela é. Ninguém além do Espírito de Deus conhece as coisas de Deus bem o suficiente para nos dar idéia dessas coisas corretamente. "Por que qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está?..." (1Co 2.11). Eu posso falar à sua consciência, sendo um homem e conhecendo as coisas de homem. Mas eu não posso falar essas coisas para a consciência de um animal e um animal não pode falar sobre essas coisas. De forma semelhante, a Bíblia diz: "...as coisas de Deus ninguém conhece, senão o Espírito de Deus." (1Co 2.11). O Espírito de Deus, conhecendo do fundo da consciência as coisas de Deus, possui um tipo diferente de conhecimento, sobre essas coisas, do que outros seres possam possuir. Então, Ele pode nos dar a instrução que necessitamos, que nenhum outro ser pode dar.

O INSTRUTOR DIVINO

A necessária influência do Espírito de Deus pode ser possuída pelos homens, gratuitamente, sob o Evangelho. Deus está mais desejoso de dar Seu Espírito Santo para aqueles que O pedem, do que os pais de darem pão aos seus filhos. "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á." (Mt 7.7). "e tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis." (Mt 21.22). "Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco."(Mc 11.24). "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida." (Tg 1.5). Se Deus fez essas promessas ilimitadas para todos os homens, então qualquer um que pedir a Ele pode ter tanta iluminação divina quanto a que pedir. Mas os homens não têm tanta iluminação divina como eles precisam. Eles não a pedem da maneira ou no grau que necessitam dela. Eles pedem de modo errado, ou por motivos egoístas.

O apóstolo Tiago diz: "pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres." (Tg 4.3). Quando um indivíduo tem algum motivo diferente do que o desejo de glorificar a Deus, ele não precisa esperar receber iluminação divina. Se seu objetivo em pedir ao Espírito Santo é felicidade, sabedoria das Escrituras, importância como cristão, experiência extraordinária, ou qualquer outro motivo egoísta, esse é um bom motivo pelo qual ele não recebe o que pede. Suponha que uma pessoa negligencie sua Bíblia, mas peça a Deus para lhe dar conhecimento. Isto é tentar a Deus. Deus dá conhecimento através da Bíblia, pregações e das outras coisas que se entende por instrução. Se uma pessoa não usar esses meios, quando estão ao seu alcance, não importa o quanto ela orou, ela não pode esperar por instrução divina. "...a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo" (Rm 10.17).

Uma pessoa pode aprender o Evangelho e receber iluminação sobrenatural, se ela é desprovida dos meios normais. Se ela estivesse em uma ilha deserta, ela poderia receber iluminação direta do Espírito de Deus. E ela poderia recebê-la em qualquer outra circunstância em que ela não pudesse, de forma nenhuma, ter acesso a qualquer meio de instrução. Alguns casos muito extraordinários desse tipo já ocorreram. Quando eu era um evangelista, participei de um reavivamento em uma vizinhança onde havia muitos alemães. Muitos deles não sabiam ler. Quando o Evangelho foi pregado entre eles, o Espírito de Deus se manifestou e um avivamento poderoso se seguiu. Se uma reunião fosse marcada para qualquer lugar, toda a vizinhança vinha junta, enchia a casa e prestava uma atenção imensa ao pregador, que tentava encher suas mentes com a verdade do Evangelho. Uma pobre mulher alemã não sabia ler. Numa dessas reuniões, ela contou a seguinte história, que foi endossada por seus vizinhos. Com muitas lágrimas e um coração cheio de alegria, ela disse: "Quando eu amei a Deus, eu desejei ler a Bíblia e orei: 'Oh, Jesus! Você pode me ensinar a ler a Sua Bíblia Sagrada', e o Senhor me disse para ler! Havia uma Bíblia na casa e, quando orei, eu pensei que poderia ler a Bíblia. Eu peguei o livro e o abri. E as palavras eram exatamente as que eu tinha ouvido as pessoas lerem. O Senhor me disse para ler minha Bíblia, abençoada por Seu nome para isso". Embora eu não conheça ninguém envolvido, exceto um professor que ouviu a senhora alemã ler, ela era uma mulher de bom caráter entre seus vizinhos. Alguns dos mais respeitáveis entre eles, depois de tudo, me disseram que não tinham dúvidas de ser verdade o que ela disse. Eu não tenho dúvidas que isso foi verdade.

MAGOANDO O ESPÍRITO SANTO

Muitas pessoas não recebem iluminação do Espírito de Deus, porque elas O magoam. Elas magoam, ou ofendem o Espírito Santo, assim Ele não pode garantir, consistentemente, a eles, Sua graça iluminadora. Elas se baseiam nas instruções que recebem de ministros, comentários, livros, ou suas próprias capacidades de pesquisar. Todas estas coisas, sem o Espírito de Deus, apenas matarão, nunca podem fazer viver. Isso pode, apenas, causar danos, nunca salvar. Parece que toda a Igreja está no erro sobre este ponto, dependendo de meios para o conhecimento divino. Nenhum meio está disponível sem o Espírito de Deus. Se a Igreja percebeu isso (se ela realmente sentiu que todos os meios na criação não podem ser usados sem o ensino do Espírito Santo), como ela oraria, purificaria suas mãos e humilharia seu coração até que o Consolador descesse para ensiná-la as coisas que ela precisa saber?

Os homens são responsáveis pelo que eles poderiam ter de iluminação divina. Isso é uma verdade universal e é desconhecido por todos os homens. Um homem é tão responsável por qual luz ele poderia ter, como pela que ele tem atualmente. O senso comum admite que nenhum homem que transgrida a lei será desculpado por ignorar a lei, porque todos são responsáveis por conhecer o que é a lei. Se seus filhos conhecessem a sua vontade e se comportassem mal, você os consideraria os maiores culpados. É assim no cristianismo: os homens têm os meios externos para instrução e os ensinamentos internos do Espírito Santo, totalmente ao seu alcance. Se eles pecam em ignorância, nem assim eles são desculpáveis por isso, mas sua ignorância é por si só um crime e um agravante para a sua culpa. Claramente, todos os homens são indesculpáveis por não possuírem todo o conhecimento disponível para a sua perfeita e imediata santificação (veja Rm 1.20-21). Sem o Espírito Santo, as instruções podem convencer a Igreja de sua obrigação, mas nunca produzirá santificação. Ela pode forçar o coração, mas nunca o mudará. Sem a influência divina isso é, apenas, um aroma de morte para a morte.

QUANDO O CEGO GUIA O CEGO

Nós usamos todos os meios apropriados de instrução ao nosso alcance, como o meio através do qual o Espírito de Deus transmite iluminação divina para a mente. Não existe nenhuma razão para não usarmos os meios disponíveis para adquirir conhecimento, tão fielmente quanto se nós pudéssemos entender todos os assuntos sem a influência divina. Se não usamos os meios com nossa capacidade, não temos razão para esperar ajuda divina. Quando ajudamos a nós mesmos, Deus nos ajuda. Quando usamos nossas faculdades naturais para entender essas coisas, podemos esperar que Deus nos ilumine. Tirar nossos olhos da luz e então orar para ver, é tentar a Deus.
Cegos, guias de cegos, tentam ensinar as coisas do cristianismo sem terem sido chamados por Deus. Nenhuma graduação teológica formará um professor de sucesso, sem que ele possua a força de iluminação do Espírito Santo. Ele está cego, se ele pensa que entende a Bíblia sem isso e, se ele insistir em ensinar, ele engana a si mesmo e a todos que dependem dele. Todos cairão no abismo juntos. Se um indivíduo ensina o Evangelho com o Espírito Santo enviado dos céus, ele será compreendido. Ele pode entender o Evangelho para si mesmo e, ainda assim, não fazer seus ouvintes entendê-lo, porque o Espírito Santo não está neles da mesma forma que nele. Mas, se o Espírito de Deus está neles, na mesma proporção que ele entende o real significado do Evangelho, ele fará seus ouvintes entenderem-no.

Ao pregarem o Evangelho, os ministros nunca deveriam usar textos sem que o seu significado tivesse sido esclarecido pelo Espírito de Deus. Isso é presunção. E não há desculpas para isso, já que eles sempre podem ter os ensinamentos do Espírito. Deus está mais pronto a dar iluminação divina, do que um pai terreno a dar pão para seu filho. Se eles pedirem, eles sempre receberão toda a luz que necessitam. Isto é aplicável tanto para pregadores, como a professores. Se qualquer um deles tenta ensinar as Escrituras, sem que ele mesmo tenha entendido, ele não está mais preparado a ensinar do que a pessoa mais ignorante do mundo está apta a ensinar astronomia. Tenho medo que muitos ministros e professores tenham compreendido muito menos do que precisavam sobre este ensino divino, ou sobre a necessidade de oração sobre seus sermões e lições da Bíblia. Se isso fosse feito como deveria ter sido, suas instruções seriam muito mais efetivas do que como as vemos agora. Seus professores da Bíblia e escola dominical acreditam nisso? Você tem o hábito de buscar o verdadeiro sentido de cada lição sobre seus joelhos? Ou você procura um comentário e então vem e despeja a sua matéria secamente para a sua classe, sem o Espírito Santo? Se você faz isto, deixe-me lhe dizer, seria melhor que você estivesse fazendo alguma outra coisa.

O que você diria de um ministro que nunca orou sobre seus textos? Seria melhor para você ter a mula de Balaão como ministro: o animal mudo poderia falar com voz humana e refrear a loucura de um homem desses. Ele poderia até dar outro tanto de instruções disponíveis para alcançar as profundas fontes do coração, tal como um pregador. E isto é tão importante para um professor de escola dominical, como para um ministro. Se você não orar sobre sua lição até sentir que Deus lhe esclareceu a idéia contida nela, tome cuidado! Nunca esteja satisfeito com qualquer coisa de um livro, até você estar satisfeito por Deus o ter colocado de posse de toda a idéia que Ele queria que você recebesse.

O AUTOR DA SANTIFICAÇÃO

Quando estudei teologia, gastei muitas horas sobre meus joelhos, talvez pudesse dizer semanas, com a Bíblia diante de mim, trabalhando e orando para entender a mente do Espírito. Não digo isto por soberba, mas como um fato real, para mostrar que o sentimento aqui exposto não é uma opinião recente minha. E sempre tomo meus textos e sermões de joelhos. Agora estou consciente de que obtive um pequeno conhecimento, em comparação ao que poderia ter tido, se eu tivesse tomado posse da fonte de luz, como deveria ter feito.

Que conhecimento pequeno muitos cristãos têm a respeito da Palavra de Deus! Peça a eles, por exemplo, para lerem as epístolas ou outras partes e eles, provavelmente, não estarão aptos a darem uma opinião com o significado verdadeiro de dez por cento da Bíblia. Não é de se espantar que a Igreja não seja santificada! Ela precisa de mais verdade. Nosso Salvador disse: "Santifica-os na verdade;..." (Jo 17.17). Isto significa que a santidade precisa ser mais ricamente apreciada antes de a Igreja saber o que significa a totalidade da santificação. Eles não entendem a Bíblia. Eles não foram ao Autor, para ter isso esclarecido. Muito embora eles tenham o abençoado privilégio todos os dias, tão prontamente quanto quiserem, de levarem o livro ao Autor para Sua explicação, eles têm certeza que o pouco que eles entendem da Bíblia, agora, foi dado pelo Espírito Santo! Leia o texto de novo, ou leia passagens parecidas e, então, tente e me diga que os cristãos não são responsáveis por entenderem a Bíblia.

Todos nós precisamos estudar a Bíblia sob o ensino divino. Recomendo muitos livros para você ler, como 'Pensamentos de Wesley Sobre a Perfeição Cristã' e as memórias de Brainerd, Taylor e Payson. Eu achei, num certo estado mental, que tais livros são úteis para ler. Mas eu estudo apenas um livro. Leio os outros ocasionalmente, mas tenho pouco tempo ou inclinação para ler muitos livros, porque tenho muito o que estudar em minha Bíblia. Eu a considero uma mina profunda, quanto mais trabalho nela, tanto mais riquezas aparecem. Precisamos ler, parar e orar sobre ela, versículo por versículo. Precisamos demorar sobre ela, digeri-la e recebê-la dentro de nossas mentes, até sentirmos que o Espírito de Deus nos encheu com o espírito de santidade. Você deixará seu coração aberto a Deus e não dará a Ele nenhum descanso até que Ele o tenha enchido com o conhecimento divino? Você procurará as Escrituras? Eu fui muito indagado por recém-convertidos e jovens homens preparando-se para o ministério, sobre o que eles deveriam ler. Eu sempre dei a mesma resposta: Estudem a Bíblia!

Traduzido por René Burkhardt

Nenhum comentário: