"Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus."
PENSE NISTO: "O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego!" (Albert Einstein).

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Verdadeiros Santos

- por Charles G. Finney

"Quem é do SENHOR venha até mim" Êxodo 32:26

As pessoas tentam servir a Deus por muitas razões diferentes. Algumas servem por amor verdadeiro e algumas por outros motivos. Todas elas professam serem servas de Deus. Mas, ao invés de serem servas de Deus, elas tentam fazer de Deus um servo seu. Seu principal alvo e objetivo é assegurar sua própria salvação, ou alguma outra vantagem pessoal através do favor de Deus. Elas querem fazer de Deus seu amigo, a fim de poderem usá-Lo para suprir suas próprias necessidades.

Uma classe de cristãos professos, entretanto, é a de verdadeiros amigos de Deus e dos homens. Se você observar a verdadeira intenção e meta de sua fé, você verá que eles são sinceramente benevolentes. Que esta é a sua característica, fica óbvio, por seu cuidado em se desviar do pecado. Eles o odeiam em si mesmos e o odeiam nos outros. Eles não o justificarão em si mesmos e não o justificarão nos outros. Os verdadeiros cristãos não tentariam encobrir ou desculpar seus próprios pecados, nem tentariam encobrir ou desculpar os pecados dos outros. Em resumo, eles almejam a santidade perfeita.

Esta conduta torna evidente que eles são verdadeiros amigos de Deus. Não quero dizer que todos os verdadeiros amigos de Deus sejam perfeitos, não mais do que eu diria que todo filho verdadeiramente amável e obediente é perfeito, ou nunca falha com seus pais. Mas, se ele é um filho amável e obediente, seu objetivo é obedecer sempre. Se ele falha em qualquer ponto, de forma alguma ele justifica ou contesta isto, ou tenta encobrir; mas assim que ele pensa no assunto, ele fica insatisfeito consigo mesmo e se arrepende.

POR AMOR A DEUS

Os verdadeiros amigos de Deus e dos homens estão sempre prontos a se humilhar, se culpar, ou se condenar pelo que está errado. Mas você nunca os vê em falta com Deus. Você nunca os ouve se desculpando e colocando a culpa em seu Criador, reclamando por sua falta de condição em obedecer a Deus. Eles sempre falam como se sentissem que aquilo que Deus requereu é correto e razoável, sendo eles mesmos os únicos culpados por sua desobediência. Deus não requer coisas impossíveis de Suas criaturas.

Os cristãos manifestam uma profunda aversão aos pecados de outras pessoas. Eles não encobrem os pecados dos outros, não os defendem, nem os desculpam. Você nunca os ouve fazendo apologia ao pecado. Assim como eles se indignam com o pecado em si mesmos, eles também o fazem quando o vêem nos outros. Eles conhecem a horrível natureza do pecado e sempre o abominam. Os amigos de Deus manifestam esse espírito, zelosos por Sua honra e glória. Eles mostram o mesmo ardor em promover a honra e os interesses de Deus, quanto os patriotas mostram ao promover a honra e os interesses de seu país. Se eles amam muito o seu país, seu governo e seus interesses, eles colocam seus corações em promovê-los. Eles nunca ficam tão contentes, quanto estão ao fazerem isso por seu país. Um filho, que verdadeiramente ama seu pai, nunca está tão contente, quanto ao aumentar a honra e os interesses de seu pai. Ele nunca sentirá aflição maior do que quando vir seu pai ser insultado ou ofendido. Se ele vê seu pai ser desobedecido, ou insultado por aqueles que se comprometeram em obedecê-lo, amá-lo e honrá-lo, seu coração se parte.

Muitos cristãos professos são zelosos em defender seu próprio caráter e sua honra. Mas os santos verdadeiros se sentem mais interessados, e seus corações batem mais forte, ao defenderem ou aumentarem a honra de Deus. Esses são os verdadeiros amigos de Deus e dos homens. Eles participam com Deus de Seus sentimentos com relação ao homem e têm o mesmo amor por almas que Deus tem. Não quero dizer que eles sentem no mesmo grau, mas que eles têm o mesmo tipo de sentimentos. É algo como amar as almas dos homens, mas odiar a sua conduta. Você sempre sente uma simpatia natural por uma pessoa que esteja em situação difícil, a menos que você tenha alguma razão egoísta para ser mau. Se você vê um assassino exposto, você sentirá compaixão dele. Até os maus têm essa simpatia natural por aqueles que sofrem. Os verdadeiros filhos de Deus sentem e manifestam um outro tipo peculiar de simpatia em relação aos pecadores, uma mistura de sentimentos de aversão, compaixão e indignação contra seus pecados, e pena por sua pessoa.

Existem dois tipos de amor. Um é o amor da benevolência. Este não diz respeito ao caráter da pessoa amada, mas, apenas, vê o indivíduo como exposto a sofrer e miserável. Deus sente dessa forma com relação a todos os homens. O outro tipo, o amor da complacência, inclui estima ou aprovação do caráter. Deus sente desta forma apenas com relação aos justos. Ele nunca sente esse amor com relação aos pecadores. Ele os abomina infinitamente. Ele tem compaixão e aversão ao mesmo tempo.

Os cristãos têm os mesmos sentimentos, mas não no mesmo grau. Provavelmente, eles nunca sentem direito, a menos que tenham ambos os sentimentos, ao mesmo tempo. Os cristãos não sentem como Deus sente com relação aos indivíduos, a menos que esses dois sentimentos existam em suas mentes, ao mesmo tempo. Você vê isto por uma característica impressionante: os cristãos repreenderão de forma mais aguda e freqüente aqueles por quem eles sentem a compaixão mais profunda. Você já viu isto? Você já viu um pai se aproximando com compaixão de seu filho e o reprovar com lágrimas, mas também com uma severidade que faria o pequeno transgressor tremer sob sua repreensão?

Jesus, seguidamente, manifestou essas duas emoções fortemente. Ele chorou sobre Jerusalém e, agora, Ele conta a razão de uma maneira que mostra Sua indignação abrasadora contra sua conduta: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!..." (Mt 23.37). Que visão completa Ele teve de suas maldades, a ponto de chorar com compaixão pela destruição que pairava sobre ela. Semelhantemente, os apelos cristãos mais suaves são acompanhados de uma forte repreensão ao pecado.

RECONCILIAÇÃO: UM MANDAMENTO REAL

O verdadeiro amigo de Deus e do homem nunca toma partido do pecador, porque ele nunca age através de simples compaixão. Ao mesmo tempo, ele nunca é visto denunciando o pecador sem manifestar compaixão por sua alma e um forte desejo de salvá-lo da morte. Seu objetivo principal é promover o cristianismo e levar todos a glorificarem a Deus. Ele faz isto naturalmente, se ele é o verdadeiro amigo de Deus. O verdadeiro amigo do governo quer que todos obedeçam ao governo. O verdadeiro e afetuoso filho quer que todos amem e respeitem ao seu pai. Se alguém está indeciso, o objetivo e esforço constantes do cristão são para trazê-lo à reconciliação. O verdadeiro amigo de Deus faz da reconciliação dos pecadores com Deus um objetivo básico em sua vida.

Se o principal traço de seu caráter não é o pensamento cativante e o esforço para reconciliar os homens com Deus, você não tem a base da questão em você. Apesar de toda aparência de religiosidade que você possa ter, você carece da primeira e fundamental característica da verdadeira piedade: o caráter e objetivo de Jesus e Seus discípulos. Olhe para eles e veja como esse aspecto sobressai, em forte e eterno destaque, como a principal característica, o motivo proeminente e o objetivo de suas vidas. Qual é o principal objetivo de sua vida? É o de trazer todos os inimigos de Deus para submetê-los a Ele? Se não é, fora com suas pretensões! Por mais virtudes que você tenha, você não tem o verdadeiro amor de Deus em você.

Os verdadeiros cristãos sempre querem evitar todas as coisas calculadas para frustrar ou impedir a salvação de almas. Eles nunca perguntam: "Isto é alguma coisa que Deus proíbe?". A primeira pergunta que surge naturalmente em suas mentes é: "Como isto afetará o Reino? Isto vai impedir a conversão de pecadores, ou o progresso dos avivamentos?". Se é assim, eles não precisam que os trovões do Sinai ressoem em seus ouvidos para proibir isso. Se eles vêem isso como sendo contrário ao espírito de santidade e a seus objetivos principais, isso é o suficiente.

Pegue o jogo, como exemplo. Os cristãos não dizem: "o jogo não é proibido em nenhum lugar na Bíblia e eu não me sinto constrangido a parar com ele". Eles acham que isso impede o grande objetivo para o qual eles vivem e isto é suficiente para eles. Os amigos de Deus evitam qualquer coisa que eles vejam que impediria o avivamento, assim como um comerciante evitaria qualquer coisa que tivesse a tendência de bloquear seu crédito e dificultar sua meta de fazer dinheiro. Suponha que um comerciante estivesse prestes a fazer algo que você soubesse que iria prejudicar seu crédito, e você fosse a ele em espírito de amizade e o advertisse para não fazê-lo. Ele se voltaria contra você e diria: "Me mostre a passagem em que Deus proibiu isso na Bíblia"? Não. Ele não diria para você mostrar mais nada.

A pessoa que deseja ardentemente a conversão de pecadores não precisa de uma proibição expressa para evitar que ele faça qualquer coisa que viesse a impedir isso. Não há nenhum perigo de ele fazer qualquer coisa que viesse frustrar o grande propósito de sua vida. Os cristãos se tornam angustiados, a menos que eles vejam o trabalho de converter pecadores indo adiante. Eles dizem que a igreja está em um estado lamentável, se os pecadores não são convertidos. Não importa o quanto a congregação cresça, ou quanto o pastor é popular, seus corações ofegantes ficam inquietos, a menos que vejam a obra de conversão indo adiante. Eles acham que sem evangelismo tudo é vão.

O ESPÍRITO DE ORAÇÃO

Os filhos de Deus constantemente aborrecem aqueles que são religiosos por outros motivos, e querem ficar quietos, e têm tudo indo de acordo com os "bons e velhos costumes". Esses cristãos são sempre chamados de "espíritos inquietos na igreja". Se uma Igreja tivesse alguns desses espíritos, o Ministro seria levado a se tornar inquieto, a menos que sua pregação fosse gerada para converter pecadores. Algumas vezes você ouve esses homens repreendendo a Igreja por viver tão fria e mundanamente. Seus corações estão aflitos e suas almas estão em agonia, porque os pecadores estão sendo empurrados para o inferno.

Se você conhece os hábitos de oração das pessoas, eles mostrarão a você como elas verdadeiramente são. Se um homem é motivado principalmente por um desejo de salvar a si mesmo, você o ouvirá orando especialmente por si mesmo, para que ele tenha seus pecados perdoados e desfrute do Espírito de Deus. Se ele verdadeiramente é amigo de Deus e do homem, você vai perceber que a obrigação de suas orações é para a glória de Deus na salvação de pecadores. Ele nunca será tão entusiasmado e poderoso ao orar, do que quando ele o estiver fazendo sobre o seu assunto favorito, a conversão de pecadores.

Vá a uma reunião de oração onde esse tipo de cristão ora. Ao invés de orarem por si mesmos, você os ouvirá derramando suas almas pelos pecadores. Você pode distinguir como é sua vida de oração, ao ver se você sente e ora mais por você mesmo ou pelos pecadores. Se você não sabe nada sobre o espírito de oração pelos pecadores, você não é um verdadeiro amigo de Deus e do homem. Há pecadores indo para o inferno por todos os lados! Não me diga que os homens são verdadeiramente santos, quando suas orações são zumbidos monótonos. Isso é tanto uma questão de aparência, quanto um padre contando seu terço. Tal homem engana a si mesmo, se ele fala a respeito de ser um verdadeiro amigo de Deus e do homem.

Quando qualquer coisa, que prometa sucesso em converter pecadores, é apresentada aos verdadeiros cristãos, eles não esperam por uma ordem para fazer. Eles querem, apenas, a evidência e se engajarão nisso com toda a sua alma. A questão não é: "O que eu fui ordenado a fazer?", mas: "De que forma eu posso fazer mais pela salvação de almas e pela conversão do mundo a Deus?". Outra característica desse tipo de cristão é a disposição para negarem-se a si mesmos, a fim de fazerem o bem aos outros.

Deus estabeleceu por todo o universo o princípio do 'dar'. Até mesmo nos rios naturais do mundo, nos oceanos e nuvens, em todos há este princípio. Isso é verdade por todo o reino natural e o da graça. Esse é o grande Espírito de Cristo. Ele se empenhou não para agradar a Si mesmo, mas para fazer o bem aos outros. Os filhos de Deus estão sempre prontos a negarem para si mesmos a diversão, o conforto e, até mesmo, satisfação de necessidades, se eles puderem fazer mais pelos outros. Continuamente eles planejam novos meios e novos recursos para fazerem o bem. Isto é o que se esperaria deles: seu contínuo desejo de fazer o bem. Eles não são como as pessoas que ficam satisfeitas em fazer o que elas chamam de sua obrigação.

Onde um indivíduo estiver almejando principalmente sua própria salvação, ele pode pensar que, se ele cumprir sua obrigação, ele leva a termo sua responsabilidade e fica satisfeito. Ele pensa que escapou da ira divina e ganhou o céu ao fazer aquilo que Deus determinou que ele fizesse; ele não pode ajudar, quer os pecadores estejam salvos, quer não. Mas o objetivo principal do cristão não é ganhar o céu e fugir da ira, é salvar almas e honrar a Deus. Se este objetivo não é alcançado, ele fica em dores.

MORRENDO PARA SALVAR ALMAS

Os amigos de Deus sempre ficam aflitos, quando eles vêem a igreja adormecida e não fazendo nada pela salvação de pecadores. Eles sabem que é impossível fazer qualquer coisa considerável pela salvação de pecadores enquanto a igreja estiver adormecida. Aqueles que têm outros objetivos em vista podem pensar que as coisas estão indo muito bem. Eles não se afligem ao ver a professa gente de Deus indo atrás de shows e de tolices. Os cristãos se afligem ao perceberem que seu pastor não reprova intencional e fielmente à igreja por seus pecados, ou concorda com eles. Os falsos convertidos estão desejosos por serem embalados para dormir e deixar seu pastor pregar sermões suaves e floreados, sem nenhum ponto de força.

Mas os filhos de Deus não ficam satisfeitos, a menos que ele pregue poderosamente, exatamente e com intrepidez, com longanimidade e doutrina. Suas almas não são alimentadas, edificadas, ou satisfeitas com nada que não pegue e trabalhe para o ministério designado por Jesus Cristo. Eles sempre ficarão com o pastor fiel que prega a verdade intrépida e exatamente. Mesmo que a verdade que ele prega os atinja, eles gostarão dela e dirão: "Fira-me o justo... será como óleo sobre a minha cabeça" (Sl 141.5).

Quando a verdade emana com poder, suas almas são alimentadas e eles crescem fortemente em graça. Eles podem orar por um ministro desses e prantear por ele, para que ele possa ter o Espírito de Deus sempre com ele. Outros o repreendem e falam sobre sua extravagância, mas os cristãos verdadeiros ficarão ao seu lado e iriam para a cruz com ele, para testemunho de Jesus. Os cristãos ficam especialmente ofendidos quando os ministros pregam sermões não preparados para converter pecadores. Mas quando um homem tem o seu coração direcionado para a conversão de pecadores e ele ouve um sermão não preparado para isto, ele sente como se faltasse a grande coisa que constitui um sermão evangélico. Se ele ouve um sermão preparado para salvar almas, então ele é alimentado e sua alma se regozija.

Aqui você vê o fundamento para a espantosa diferença que você constantemente encontra no julgamento que as pessoas fazem sobre as pregações. Não há teste de caráter melhor do que esse. É fácil ver quem está cheio de amor por Deus e pelas almas, pelo julgamento que se faz sobre as pregações. Os verdadeiros amigos de Deus e do homem ficam aflitos quando ouvem um sermão que não é particularmente dirigido a despertar a Igreja para a ação.

Eu me lembro de um homem que costumava orar continuamente por indivíduos, lugares e a conversão mundial. Certa vez, quando ele ficou exausto por orar, ele exclamou: "Oh! Meu ardente, dolorido coração! Não há como satisfazer o meu desejo pela conversão dos pecadores e minha alma se desmancha com ardor!". Muito embora ele tenha sido muito mais útil do que quase todos os outros homens de sua época, ele via que tinha mais a ser feito. Ele ardia tanto para ver os pecadores salvos, que o seu corpo mortal não suportaria. "Eu acho", disse ele um dia, "que estou morrendo para ter força de fazer mais para salvar as almas dos homens; quanto mais eu quero ser forte, tanto mais eu posso salvar almas".

Se você quer mover verdadeiros santos, você precisa fazer uso do motivo tirado do grande objetivo que eles carregam. Traga à vista a situação dos pecadores e mostre como eles ofendem a Deus, e você descobrirá que isso moverá suas almas e as colocará no fogo, tão rápido quanto qualquer apelo a suas esperanças e medos. Mostre a eles como eles podem converter pecadores e seus corações ardentes baterão mais forte e lutarão com Deus em oração, com angústia por almas.

E agora eu pergunto a você diante de Deus: você tem essas características de um filho de Deus? Você sabe que elas pertencem a você? Você pode dizer: "Oh Senhor, você sabe que eu O amo e que essas são as características do meu caráter!"?
Traduzido por René Burkhardt

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