"Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" Mt 5:48
A Igreja não está santificada e temos que saber o porquê. Se o defeito está em Deus, nós temos que saber. Se Ele não providenciou revelação suficiente, ou se o poder do Espírito Santo não é adequado para santificar Sua gente, nós temos que entender isto, assim não nos deixaremos perplexos com esforços em vão. Mas, se o erro está em nós, também temos que saber, a fim de não culparmos a Deus indevidamente, imaginando que Ele exigiu de nós algo que não podemos obter.
A RELIGIÃO DAS OBRAS
A primeira razão geral para as pessoas não serem santificadas é que elas buscam a santificação pelas obras e não pela fé. A religião das obras assume uma grande variedade de formas e é interessante ver as formas mutáveis que ela toma. Uma forma é onde os homens tentam considerar sua condenação como injusta. Não faz diferença se eles pensam ser cristãos ou não, uma vez que eles estão tentando viver de forma a fazer parecer que é injusto Deus os mandar para o inferno.
Esta era a religião dos fariseus. E há muitos hoje, cuja religião tem puramente esta característica. Constantemente você os encontrará prontos a confessarem que nunca nasceram de novo. Mas eles falam de suas próprias obras de uma forma que parece óbvio que eles pensam ser muito bons para serem condenados. Muitas pessoas estão buscando, através de suas obras, recomendar a si mesmas ao favor de Deus. Elas sabem que merecem ser condenadas e sempre merecerão isto. Mas elas também sabem que Deus é misericordioso; e elas pensam que, se tiverem vidas honestas e fizerem coisas boas para os pobres, Deus perdoará seus pecados e os salvará.
Esta é a religião da maioria dos moralistas modernos. Vivendo sob o Evangelho, eles sabem que não podem ser salvos por obras. Mas eles pensam que, se eles forem à igreja e ajudarem dando suporte ao pastor, etc., eles se recomendarão ao favor de Deus. Eu entendo que este é o sistema de religião sustentado pelos Unitaristas. Eles ficam à parte da expiação de Cristo e não esperam ser salvos por Sua justiça. Eles parecem ter uma religião sentimental. Com sua moralidade e liberalidade, eles dependem do favor de Deus. Dessa forma, eles esperam receber o perdão pelos seus pecados.
Outra forma de religião das obras é quando as pessoas tentam preparar a si mesmas para aceitarem a Cristo. Elas entendem que a salvação é apenas através de Jesus Cristo e sabem que não podem ser salvas por obras, ou pelo favor geral de Deus. Mas elas ouviram que outros passaram por um longo processo de angústia, antes de se submeterem a Cristo, e encontraram paz em crer. Elas pensam que é necessário um certo processo preparatório, que precisam orar e correr de um lado para o outro para participar de reuniões. Elas passam muitas noites acordadas e sofrem muitas aflições, talvez chegando ao desespero. Então elas acham que estão prontas para aceitarem a Cristo.
Esta é a situação de muitos pecadores convictos. Quando eles acordam e descobrem que não podem ser salvos por suas obras, então eles se preparam para receber a Cristo. Talvez alguns de vocês sejam assim. Você não ousa vir a Jesus como você está. Você orou pouco, participou de poucas reuniões e sentiu pouca aflição. Ao invés de ir a Cristo e jogar a você mesmo, sem reservas, em Suas mãos, você açoita sua mente para ter mais convicção e aflição, a fim de se preparar para aceitá-Lo. Suponha que um indivíduo julgue isso como a maneira para se tornar santo. Todo cristão pode ver que isso é absurdo. Ainda que ele possa multiplicar tais obras, ele não estará se aproximando da santificação.
O primeiro ato da santificação é crer, tomar posse de Cristo pela fé. Se um cristão sente a necessidade de santificação e tenta ir para um processo preparatório de aflição auto-impingida antes de vir a Cristo, ele é tão absurdo quanto um pecador despertado para fazer isto.
TRABALHANDO PARA CRIAR SANTIDADE
Muitos indivíduos executam obras para criar fé e amor. Nós supomos que eles vieram para Cristo, mas, tendo apostatado, eles se põem a executar obras para produzir fé e amor, ou para produzir e aperfeiçoar um estado correto de emoção. Esta é uma das formas mais comuns e sutis, através da qual a religião das obras se mostra hoje. Esta é uma tentativa ridícula de produzir santidade através do pecado. Se os sentimentos não são corretos, o ato é pecado. Mas as pessoas pensam que podem criar santidade através de uma conduta puramente pecaminosa. Qualquer ato que não se origina do amor é pecado. O indivíduo age, não pelo impulso da fé que trabalha por amor e purifica o coração, mas sem fé e amor, com o intuito de produzir aquelas emoções através de ações.
Quando existe fé e amor e eles são os motivos que levam a agir, colocá-los para agir traz a tendência de aumentá-los. Isso se sabe pelas leis conhecidas da mente, de acordo com as quais todo o poder e toda a faculdade ganham força através do exercício. Mas esses indivíduos deixaram seu primeiro amor, se é que tiveram um. Então eles, sem fé ou amor, se apressaram em fazer coisas. Como é absurdo pensar em fé que desperta em uma alma, onde não existe fé, executando atos exteriores por algum outro motivo. Isto é zombar de Deus. Pretender servir a Deus de uma forma que ofende o Espírito Santo e insulta a Deus.
No que diz respeito à filosofia, isso é parecido com a conduta dos pecadores convictos. Mas há uma diferença: o pecador, a despeito de todas as suas maldades, pode eventualmente ver sua impotência e renunciar a todas as suas próprias obras. Ele pode sentir que a sua contínua recusa em vir para Cristo está apenas amontoando pecados contra Deus. Mas é diferente para aqueles que pensam que são cristãos. Muitas pessoas que são abundantes em atos religiosos, normalmente são as mais endurecidas e distantes de sentimentos espirituais. Se cumprir obrigações religiosas fosse o caminho para produzir sentimento cristão correto, deveríamos esperar que os ministros e os líderes fossem os mais espirituais. Mas onde a fé e o amor não são exercitados, as pessoas se tornam endurecidas, frias e cheias de iniqüidade em seus atos exteriores. Sem uma vida espiritual, elas se tornarão mais duras e estúpidas. Ou, se elas ficarem espiritualmente excitadas dessa forma, isso será um estado mental superficial, no qual não há nada de santo.
Outra razão porque tantas pessoas não são santas é esta: elas não receberam a Cristo em todas as Suas funções, como Ele é oferecido no Evangelho. A maioria das pessoas está completamente equivocada aqui. Elas nunca irão adiante, até aprenderem que há um erro fatal na maneira em que elas tentam obter santidade. Suponha que um indivíduo seja convencido do pecado. Ele vê que Deus pode, por justiça, mandá-lo para o inferno e que ele não tem escapatória.
Agora, fale para ele da expiação de Cristo. Mostre a ele como Cristo morreu, de forma que Deus pudesse ser o Justo e o Justificador daqueles que crêem em Jesus. Ele vê isto como o que ele precisa exatamente e, em fé, joga a si mesmo sobre Jesus para a justificação. Ele O aceita, assim como a Sua justificação, e isso é o mais longe que ele compreende do Evangelho. Ele crê, é justificado e sente o perdão de seu pecado. Agora, aqui está a grande atitude na qual a maioria dos pecadores convictos pára. Eles vêem Cristo como Salvador, a propiciação por seus pecados, a expiação e conseguem perdão; e aí eles param. Fora isso, é muitíssimo difícil ganhar sua atenção para o que Jesus oferece. Diga o que você deseja, em relação a Cristo, como a sabedoria dos crentes, retidão, santificação e todas as Suas funções como Salvador dos pecados. Eles não sentem que precisam dEle em relação a isso.
DESISTINDO DE SEU TRONO
A pessoa convertida se sente em paz com Deus. Alegria e gratidão enchem seu coração e ela se regozija em ter encontrado um Salvador que estará entre ela e seu Juiz. Ela pode ter se submetido realmente e, por um tempo, ela segue os mandamentos de Deus. Mas, eventualmente, ela encontra o trabalho do pecado em seus membros, um orgulho não vencido, seu velho temperamento se manifestando, uma multidão de inimigos tomando sua alma de assalto, e ela não está preparada para encontrá-los. Até agora, ela havia considerado Jesus como um Salvador para salvá-la do inferno.
A grande massa de cristãos professos, quase todos juntos, perde o sinal de muitas das mais importantes funções que Cristo oferece aos crentes. Quando o convertido encontra a si mesmo fragilizado sob o poder da tentação e cai no pecado, ele precisa pedir que Cristo entre nessas áreas de sua vida. Ele precisa saber mais sobre a provisão de Jesus para ele, para resistir à tentação. Isto não é completamente entendido por muitos cristãos. Na realidade, eles nunca viram a Cristo sob o Seu nome "Jesus", que salva Sua gente de seus pecados. Eles precisam receber a Ele como um Rei, para tomar o trono em seus corações e dominar sobre eles com controle absoluto e perfeito, trazendo todas as faculdades e todos os pensamentos à submissão.
A razão pela qual o convertido cai sob o poder da tentação é que ele não submeteu seu próprio desejo a Cristo em todas as coisas. Os cristãos se queixam de que não conseguem entender a Bíblia e que eles estão sempre em dúvida sobre muitas coisas. O que eles precisam é receber a Cristo como sabedoria e aceitar a Ele em Sua função, como a fonte de luz e conhecimento.
Qual de vocês agora dá uma idéia completa e definida ao texto que diz que estamos "em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1Co 1.30)? O que você entende dele? Ele não diz que Ele é um justificador, um professor, um santificador e um redentor, mas que Ele é sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. O que isso significa? Até os cristãos encontrarem, pela experiência, e saberem o que as Escrituras querem dizer, como a Igreja pode ser santificada? A Igreja agora está como um ramo arrancado de uma videira. A menos que ela permaneça em Cristo, ela não pode dar frutos.
Se um ramo tivesse poder para se separar voluntariamente da videira e, então, tentar produzir fruto, o que você pensaria? A Igreja é a mesma coisa. Até os cristãos irem para a eterna fonte de santificação, sabedoria e redenção, eles nunca se tornarão santos. Se eles se tornassem, pela fé, absolutamente unidos com Jesus, em todos os Seus ofícios e funções, então eles saberiam o que é santidade. Ele é a luz e a vida do mundo. Para ser santificado por Ele, eles precisam abraçar a Ele e receber graça e conhecimento, que, sozinhos, podem purificar a alma e dar vitória completa sobre o pecado e sobre Satanás.
Se um indivíduo não está profundamente convicto de sua própria depravação e de sua necessidade de superar o poder do pecado, ele nunca receberá a Jesus Cristo em sua alma como um Rei. Quando os homens tentam ajudar a si mesmos a sair do pecado e se sentem fortes o suficiente para combater os seus inimigos espirituais, eles nunca recebem a Cristo totalmente, ou descansam somente nEle para salvá-los de seus pecados. E ainda, quando eles tiverem tentado manter a si mesmos, por seus próprios cuidados e orações, comprometendo-se por resoluções e jurando obedecer a Deus, eles não chegarão a nada, além de depravação. Então eles sentem sua impotência e começam a perguntar o que fazer.
O LIVRO DAS PROMESSAS DE DEUS
A Bíblia ensina tudo isso de forma suficientemente clara. Se as pessoas acreditassem na Bíblia, elas saberiam, desde o começo, de sua necessidade de um Salvador. Mas elas não recebem ou acreditam na Palavra, até tentarem trabalhar sua própria justiça. Rapidamente elas descobrem que não são nada sem Cristo. Por esta razão, elas não recebem a Ele em Suas funções, até terem gastado anos em vão. A justiça própria as faz tentar santificarem a si mesmas. Tendo começado no espírito, elas tentam aperfeiçoar a si mesmas pela carne.
Outras, quando vêem sua própria condição, não recebem a Cristo como Salvador do pecado, porque não desejam abandonar todo o pecado. Elas sabem que, se entregarem a si mesmas inteiramente a Cristo, todo pecado precisa ser abandonado; e elas têm algum ídolo que não desejam deixar.
Muitas pessoas acham que estão sob uma necessidade fatal de pecar e arrastam consigo esse peso de pecar até sua morte. Elas não culpam diretamente a Deus e não dizem, em palavras, que Ele não fez provisão para livrar de um caso como esse. Mas elas aparentam acreditar que a expiação de Cristo cobrirá todos os pecados. Elas pensam que, se continuarem em pecado por todos os seus dias, Ele as perdoará e isto será de maneira tão boa quanto se elas tivessem sido santas.
Elas não vêem que o Evangelho fez provisões para nos libertar para sempre de todos os pecados. Elas olham para isso como um sistema de perdão, ou seja, deixar o pecador carregar o peso do seu pecado para entrar no céu. Oh, como os cristãos fazem pouco uso daquelas grandes e preciosas promessas. Apenas temos que nos jogar sobre Ele e teremos tudo o que precisamos para a nossa santificação. "Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco" (Mc 11.24).
Os cristãos não crêem realmente em muitas coisas que estão na Bíblia. Imagine que você tivesse encontrado a Deus e soubesse que era o próprio Deus. Suponha que Ele tivesse um livro em Sua mão e dissesse a você para pegá-lo. Esse livro continha grandes e preciosas promessas sobre tudo que você necessitasse para resistir às tentações, superar o pecado, se tornar perfeitamente santo e prepará-lo para o céu. Então Ele dizia para você que, toda a vez que você precisasse de qualquer coisa, você teria apenas que se apropriar da promessa e apresentar isso a Ele, que Ele o faria.
Agora, se você estivesse para receber um livro desses diretamente da mão de Deus e você soubesse que Deus o escreveu para você, você acreditaria nele? Você o leria como uma grande aliança, mais do que você lê a Bíblia agora? Como você se interessaria mais para saber tudo o que estivesse nele! Como estaria pronto para aplicar as promessas na hora que precisasse! Você iria querer saber tudo pelo coração! Você manteria a sua mente familiarizada com todo o conteúdo e estaria pronto para aplicar as promessas que você leu.
A Bíblia é esse livro! Ela foi escrita por Deus e foi cheia com essas promessas. Todo cristão, lançando mão da promessa correta e suplicando por ela, pode sempre encontrar tudo o que precisa para o seu benefício espiritual.
Jesus é um Salvador completo. Todas as promessas de Deus estão nEle, para a glória do Deus Pai. Deus fez as promessas na segunda Pessoa da Trindade e as fez corretas através dEle.
Os cristãos precisam entender essas promessas e acreditar nelas. Suponha que lhes falte sabedoria. Deixe-os ir a Deus e suplicar pela promessa. Suponha que eles não consigam entender as Escrituras, ou que o caminho a seguir não esteja claro. A promessa está clara o suficiente, peguem-na. Tudo o que precisarem, sabedoria, justiça, santificação, redenção, apenas os deixe ir a Deus em fé e pegarem a promessa.
DESPEDAÇANDO O SEU ORGULHO
Muitas pessoas não recebem a Jesus em todas as Suas funções, porque elas são muito orgulhosas para renunciarem a toda a sua autodependência, ou confiança, em sua própria sabedoria e desejo. Que coisa difícil é, para o coração orgulhoso de um homem, abrir mão de sua própria sabedoria, conhecimento, desejo e todas as coisas, para Deus! Eu descobri que esta é a maior de todas as dificuldades. Sem dúvida, todos descobrem que é assim.
Tudo o que Deus diz precisa ser verdade, mesmo que nós, em nossa ignorância e cegueira, não possamos ver o quanto isso é razoável ou não. Se vamos além disto, excedemos o próprio campo da razão. Mas como o coração orgulhoso do homem não está desejoso de deixar de lado sua própria vã sabedoria e se tornar igual a uma pequena criança, sob o ensinamento de Deus! O apóstolo diz: "Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber" (1Co 8.2). Há um vasto significado nisto. A pessoa que não recebe a Cristo sozinho como sua sabedoria, não sabe nada. Se ela não foi ensinada por Jesus Cristo, ela não aprendeu a primeira lição do cristianismo: "e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11.27). O indivíduo que aprendeu esta lição sente que não tem nem um pingo de conhecimento de qualquer valor, além do que foi ensinado por Jesus Cristo. Por isto está escrito: "E serão todos ensinados por Deus" (Jo 6.45).
Os cristãos precisam ser examinados a fundo, ter seus defeitos expostos, ser convencidos e, então, serem guiados para onde está a sua grande força. Com o seu desfile interminável de obras mortas, eles precisam que se mostre a eles o quanto são pobres: "pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu" (Ap 3.17). Enquanto os cristãos estiverem mostrando sua miséria e o infinito vazio e a maldade abominável de suas obras mortas, a Igreja vai se afastar mais e mais de Deus.
Isso terá, apenas, a forma de santidade, negando o Seu poder de fazê-lo (veja 2Tm 3.5). Quando você vê o caráter cristão, de qualquer forma, defeituoso, você sempre pode ter a certeza que o indivíduo precisa receber a Cristo de uma forma mais completa, para suprir esse defeito. Esse defeito no crente nunca será remediado, até ele ver a Cristo naquela parte de seu caráter. Pela fé, ele precisa tomar posse de Cristo para remediar aquela imperfeição. Suponha que uma pessoa seja egoísta. Ela nunca irá remediar esse defeito, até que ela receba a Cristo como seu modelo a ser imitado. Então o egoísmo será retirado de seu coração, pelo enchimento de sua alma com o infinito amor do Salvador. Com relação a qualquer outro defeito, ela nunca conquistará isso, até que veja que Cristo é suficiente.
ELEVANDO O NÍVEL DE SANTIDADE
Até que o nível de santidade entre os ministros seja grandemente aumentado, a piedade da Igreja não será elevada. Portanto, os cristãos que entendem essas coisas deveriam orar constantemente pelos ministros. Os líderes da Igreja precisam tomar posse de Cristo para a santificação de seus próprios corações e, então, eles saberão o que dizer para a Igreja na questão da santidade.
Muitas pessoas buscam a santidade pelas obras, sem saber que estão fazendo dessa forma. Elas dizem que estão buscando a santificação apenas pela fé e dizem saber que é inútil buscar por suas próprias forças. Mas seus resultados mostram que estão buscando por obras e não por fé. Se um homem está buscando por obras, obviamente ele está confiando em cumprir certos passos preparatórios e processos, antes de exercitar a fé salvadora. Ele não está pronto agora para aceitar a Cristo, mas pensa que precisa colocar a si mesmo em um estado mental diferente como preparação. É isto que ele almeja. Ele está tentando, sem fé, entrar em um estado mental apropriado.
Tudo isso é a religião das obras. Como é comum esse estado mental entre os cristãos que dizem estar buscando santidade! Você diz que precisa mortificar o pecado, mas o caminho que você utiliza é o da preparação da justiça própria, buscando recomendar a si mesmo para Cristo como merecedor de receber a bênção. Mas você precisa vir a Cristo como um indigno e uma pessoa arruinada para receber, de uma vez, pela fé, a bênção que você necessita. Como uma pessoa em um poço de areia movediça, cada esforço que fizer a afunda mais na areia. Todas as suas tentativas, ao invés de o aproximarem de Cristo, estão apenas lançando você mais para longe de Deus.
O pecador, através de sua busca preparatória, não obtém vantagem nenhuma. Morto em transgressões e pecados, ele fica fora da vida espiritual, como um cadáver, até chegar à conclusão que não há nada que ele possa fazer por si mesmo além de ir agora, como está, e se submeter a Cristo. Enquanto ele pensar que há alguma coisa que ele precise fazer primeiro, ele nunca perceberá que agora é o tempo da salvação de Deus. Enquanto o cristão estiver buscando santificação através de obras, ele nunca perceberá que agora é o tempo de Deus para dar a ele a vitória sobre o pecado.
Multidões enganam a si mesmas, porque elas viram uma certa "fé sem obras" que as igrejas mostraram, puxando para a morte. Se uma igreja dessas tiver sido encontrada, alimentada por doutrinas vazias, até que os membros se tornassem tão estúpidos quanto os bancos onde sentam, a primeira coisa seria despertá-la a fazer alguma coisa. Talvez isto trouxesse essa igreja sob convicção e a levasse ao arrependimento, não porque haja algum bem em suas obras, mas porque isso mostraria a ela as suas deficiências e despertaria a sua consciência.
A mesma coisa ocorre quando um pecador negligente começa a orar. Todo mundo sabe que não há nenhuma piedade nessas pessoas, mas isso chama sua atenção ao Senhor e dá ao Espírito Santo uma oportunidade de trazer a verdade para a sua consciência. Mas, se você pega um homem que tinha o hábito de orar desde a sua infância, cujas orações formais foram feitas de maneira fria como um mármore, orar nunca o trará sob convicção, até ele ver o verdadeiro caráter de suas orações incrédulas.
Se a igreja tiver mergulhado em estupidez, a maneira mais efetiva de despertar as pessoas tem sido a de avisar aos pecadores do perigo que correm. Isto mantém a atenção da igreja e sempre traz muitas das pessoas ao arrependimento. Se você pegar uma chamada "igreja ativa", onde houvesse o hábito de apreciar avivamentos e reuniões de apoio, você vai achar que não há nenhuma dificuldade em motivar a igreja a agir. Mas, como regra geral, sem que haja uma grande sabedoria e fidelidade ao lidar com a igreja, todo avivamento que se seguir fará a sua religião ficar mais e mais superficial. Sua mente se tornará mais endurecida, ao invés de ser convencida do pecado.
Diga para uma igreja dessas que ela tem justiça própria e que não há nenhum Espírito Santo no barulho que fazem, que ela se sentirá afrontada. "Você não sabe que a maneira de avivar na religião é ir à obra?", eles dizem. Apenas o fato de as ações terem se tornado um hábito entre eles já mostra que eles exigem uma maneira diferente. Eles precisam, primeiro, ser provados a fundo, examinados, perceber suas deficiências e serem trazidos humilhados e crendo aos pés da cruz.
CRESCENDO EM SANTIDADE
Quando eu era um evangelista, eu trabalhei em uma igreja que experimentou muitos avivamentos. Era a coisa mais fácil do mundo fazer a igreja trazer pecadores para as reuniões. O impenitente viria e ouviria, mas não havia um sentimento profundo e alguma fé, na igreja. O pastor viu que isso estava arruinando a igreja. Cada avivamento sucessivo fazia os convertidos mais e mais superficiais. Começamos a pregar santidade e os membros da igreja padeciam com isto. A pregação correu diretamente contra suas noções formadas sobre a maneira de promover o cristianismo e alguns deles ficaram muito zangados. Mas, depois do conflito maior, muitos deles se quebrantaram e se tornaram tão humildes e receptivos quanto filhos pequenos.
Multidões nas igrejas insistem que a maneira de promover santidade é se esforçar e pensam que, através do esforço em se livrar do pecado, podem produzir o caloroso amor de Deus em seus corações. Tudo isso é errado. Barulho e revelação nunca produzirão santidade, muito menos quando as pessoas estão acostumadas nessa direção.
Você executa muitos deveres religiosos, contudo a santidade é insuficiente? Então jogue a você mesmo sobre o Senhor Jesus Cristo para santificação e trabalhe para servi-Lo. Você está trabalhando para a salvação, ao invés de trabalhar por um princípio interior que o leve ao trabalho do Senhor. Você tem metade da perseverança de um pecador? Um pecador, dirigido pelo medo de ir para o inferno, se empenha em obras até a sua força se acabar e a sua justiça própria se desenvolver. Sentindo que ele está arruinado e impotente, o pecador se joga nos braços de Cristo.
Mas, desde que você não tenha a mesma perseverança, você não tem o mesmo medo. Se você pensa que é cristão e que, mesmo que você venha com pouca santidade, você ainda está salvo do inferno e pode ir para o céu, você está errado. Cristo é a sua única esperança para a santificação. Esse é o motivo pelo qual os cristãos geralmente têm pouca daquela submissão a Cristo para a santidade, que os pecadores convictos exercitam para o perdão.
Se a Igreja cresce em santidade, ela crescerá em obras. Mas ela perseguir aquele crescimento em obras, nem sempre promove crescimento em santidade. As obras da religião podem aumentar muito, enquanto o poder dos cristãos diminui rapidamente.
Constantemente, a igreja que começa a perder seu poder, pode estar desejosa de fazer mais obras do que nunca, mas isto não vai impedir o declínio, a menos que as pessoas se quebrantem diante de Deus. Ah, se eu pudesse convencer a Igreja de que ela não precisa de nenhuma outra ajuda além de Cristo e que ela pode vir para Ele para todas as suas necessidades - sabedoria, justiça, santificação e redenção! Quão rápido ela estaria suprida com a profundidade de Seu infinito gozo!
Traduzido por René Burkhardt
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