"Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus."
PENSE NISTO: "O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego!" (Albert Einstein).

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Verdadeira Submissão: Uma Questão de Escolha

- por Charles G. Finney

"Sujeitai-vos, portanto, a Deus..." Tiago 4:7

Se você construiu sua vida cristã sobre um fundamento falso, seu erro principal foi abraçar aquilo que você pensava ser o plano de salvação do Evangelho por interesses próprios. Seu próprio coração estava partido. Essa é a causa da sua desilusão, se você está desapontado. Se o seu egoísmo foi diminuído, você não está enganado em sua esperança. Se não foi, toda a sua religião é vã, assim como a sua esperança.. Se qualquer um de vocês tem uma falsa esperança, vocês correm o perigo de reviver seus velhos caminhos.

Constantemente falsos convertidos, depois de uma temporada de ansiedade e auto-exame, se deixam levar para o velho fundamento. Seus hábitos mentais tornaram-se fixos e é difícil quebrá-los para um novo curso. É indispensável, portanto, se você sempre pretendeu se corrigir, que você veja claramente que, até agora, você esteve errado. Verdadeira submissão a Deus não é indiferença. Nunca duas coisas podem ser tão contrárias quanto indiferença e submissão verdadeira. Alguns pensam que a submissão verdadeira inclui a idéia de concordarem, para a glória de Deus, que são pecadores. Mas isto é um erro. Concordar que é um pecador já é, por si só, uma situação mental de pecado. E concordar em fazer qualquer coisa para a glória de Deus é escolher não estar em pecado. A idéia de ser pecador, para a glória de Deus, é absurda.

DOBRANDO-SE DIANTE DA VONTADE DE DEUS

Se estivéssemos no inferno agora, a verdadeira submissão estaria requerendo que concordássemos em sermos punidos. Aí seria certo que era a vontade de Deus. Se vivêssemos em um mundo no qual nenhuma provisão para a redenção dos pecadores tivesse sido feita e onde nossa punição fosse, então, inevitável, seria nossa obrigação concordar em sermos punidos. Mas, como é, a submissão genuína não implica em concordar com punição. Não é a vontade de Deus que todos sejam punidos. Mas, Sua vontade, é a de que, todo o que verdadeiramente se arrepende e se submete, seja salvo.

Verdadeira submissão consiste em perfeita concordância com todos os atos de Deus, quer sejam relativos a nós mesmos, aos outros, ou ao mundo. Algumas pessoas pensam que se submetem ao governo providencial de Deus. Mas elas se acham em falta com os planos de Deus em muitos aspectos. Elas se admiram do porquê de Deus ter permitido que Adão pecasse ou por quê Ele deixou o pecado entrar no mundo. Ou por quê Ele fez isto ou aquilo. Ou por quê Ele fez isto, aquilo, assim ou assado. Em todos estes casos, supondo que não pudéssemos encontrar razões que fossem satisfatórias, a verdadeira submissão implica em uma perfeita concordância com qualquer coisa que Ele permitiu ou fez.

Submissão verdadeira implica em ceder aos preceitos da lei moral de Deus. O preceito principal da lei moral de Deus é: "...Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Lc 10.27). Aqui precisamos, cuidadosamente, fazer a distinção entre a obediência formal à lei de Deus e a atual submissão a ela. O senso comum reconhece essa lei. Todo demônio no inferno a reconhece. Deus fez nossas mentes de forma que seja impossível ser um agente moral e não reconhecer Sua lei. Mas essa não é a concordância que proponho. Uma verdadeira concordância com a lei moral de Deus inclui obediência. É uma vã pretensão de uma criança concordar com as ordens de seus pais, se ela não os obedece, e é vã a pretensão do cidadão concordar com as leis do país, se ele não as obedece.


Os homens precisam tomar uma suprema afeição por Deus e Seu Reino e torná-la em interesse próprio. Ao invés de fazerem o bem, como Deus quer, eles adotaram a máxima de que "caridade começa em casa". Este é o maior ponto de discussão entre Deus e os pecadores. Os pecadores insistem em promover seus próprios interesses como seu objetivo supremo. A primeira idéia implicada na submissão é ceder nesse ponto. Precisamos parar de colocar nossos próprios interesses em primeiro lugar e deixar os interesses de Deus e do Seu Reino se elevarem em nossos sentimentos. Precisamos colocá-los tão mais altos sobre nossos próprios interesses, quanto o seu real valor é maior. O homem que não faz isso é um rebelde contra Deus.

Suponha que um legislador quisesse promover a felicidade geral da nação e, sabiamente, fizesse leis com este fim. Ele iria exigir que todo mundo fizesse a mesma coisa. Então, suponha que um indivíduo estabelecesse seus próprios interesses particulares em oposição ao interesse geral. Ele é um rebelde contra o governo e contra todos os interesses que o governo promove. Então, a primeira idéia de submissão, na parte da rebelião, é desistir dessas coisas e concordar com o legislador e os sujeitos obedientes, em promover o bem público.

A lei de Deus requer que você subordine sua própria felicidade à glória de Deus e ao bem do universo. Até você fazer isto, você é o inimigo de Deus e do universo. O Evangelho requer o mesmo que a lei. Muitos sustentam que é correto para um homem se direcionar diretamente para a sua própria salvação e fazer a sua própria felicidade ser o seu objetivo. Mas a lei de Deus requer que cada um aprecie o interesse de Deus acima de tudo. De outra forma, Jesus Cristo é o ministro do pecado e veio ao mundo levantar armas contra o governo de Deus. Pela Bíblia, nós vimos que o Evangelho requer amor a Deus e aos homens, o mesmo que na lei. "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça" (Mt 6.33).


O que isto significa? Homens citaram isso literalmente para provar que é correto buscar nossa própria salvação e fazer disso nosso objetivo principal. Mas o significado não é esse. Ele requer de cada um promover o Reino de Deus como grande objetivo. Significa almejar ser santo. Felicidade está conectada com santidade, mas não é a mesma coisa, e honrar e glorificar a Deus é uma coisa muito diferente de buscar primeiro os próprios interesses. "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus." (1Co 10.31). Realmente! Podemos comer e beber para nos dar prazer? Não! Nós nem mesmo podemos gratificar nosso apetite natural com comida, exceto em submissão à glória de Deus. Isso é o que o Evangelho requer, para o que o apóstolo escreveu isso à Igreja.

Nosso Salvador diz: "Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á." (Mt 16.25). Se um homem visa seu próprio interesse, ele perderá seu próprio interesse. Se salvar sua própria alma é seu objetivo supremo, ele a perderá. Ele precisa fazer do bem aos outros o seu objetivo supremo, ou ele estará perdido. "...ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna." (Mc 10.29-30). Aqui algumas pessoas podem tropeçar e dizer: "Aí tem uma recompensa disponível como um motivo". Mas, o que devemos fazer? Desistir de suas coisas por causa de uma recompensa para si mesmo? Não! Devemos desistir de nossas coisas por causa de Cristo e Seu Evangelho e as conseqüências serão como foi dito. Esta é uma importante distinção.

VERDADEIRA SUBMISSÃO É AMAR

Em Corínthios 13, Paulo dá uma descrição completa do amor sem interesses, ou caridade, sem o que, a pessoa não é nada. Note o quanto a pessoa pode fazer e ainda não ser nada: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará." (1Co 13.1-3).

A benevolência do Evangelho está sobre esta característica: "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1Co 13.4-7). O amor não tem um fim egoísta, mas tem a busca pela felicidade dos outros como seu grande fim. Sem este tipo de benevolência, sabemos que não há nem uma partícula de verdadeiro cristianismo.

Muitas pessoas se impressionam com as ameaças feitas pela Palavra de Deus, já que é egoísmo influenciar pelo medo. O homem teme a dor. As ameaças das Escrituras respondem a muitos propósitos. Um é o de capturar a mente egoísta e levá-la a examinar as razões para amar e obedecer a Deus. Quando o Espírito Santo ganha a atenção, então Ele desperta a consciência dos pecadores e a desafia a considerar e a decidir sobre a sensatez e a obrigação de submeter-se a Deus. É errado ser influenciado por prazer e dor? Não. Isto não é certo nem errado. Essas suscetibilidades não têm característica moral.


Suponha que você esteja em um despenhadeiro. Se você se jogar, você vai quebrar seu pescoço. Você está prevenido quanto a isto. Agora, se você não considerar o aviso e jogar-se, destruindo sua vida, isto será pecado. Mas atender ao aviso não é virtude. É simplesmente um ato de prudência. Não há virtude em evitar o perigo, muito embora possa ser um grande pecado não evitá-lo. Resistir à ira de Deus é pecado. Mas temer o inferno não é santidade, não mais que o medo de quebrar o pescoço o seja.

Podemos buscar nossa própria felicidade respeitando seu valor real e faremos assim. Aquele que não faz assim, comete pecado. Mas ninguém pode ser feliz enquanto fizer da sua própria felicidade o seu objetivo supremo. Felicidade consiste na gratificação dos desejos virtuosos. Mas, para ser gratificado, a coisa precisa ser obtida como desejada. Para ser feliz, então, os desejos que são gratificados precisam ser corretos e sem interesses.

Duas coisas são indispensáveis para a verdadeira felicidade. Primeira, precisam ser desejos virtuosos e justos. Se o desejo não for virtuoso, a consciência se oporá a ele e a gratificação estará ligada à dor. Segunda, o objetivo precisa ser desejado por si mesmo, ou a gratificação não será completa, mesmo se ele for obtido. Se o objetivo é desejado como um meio para um fim, a gratificação dependerá da obtenção desse fim. Mas, se a coisa foi desejada como um fim, obtê-la produzirá verdadeira gratificação. A mente não precisa desejar sua própria felicidade, pois dessa maneira pode nunca obtê-la. Os desejos precisam ser dirigidos para alguns outros objetivos do que serem desejados como um fim em si mesmos e sua obtenção resultará em felicidade.

Se cada um prosseguir em buscar sua própria felicidade como resultado final, os interesses de diferentes indivíduos se chocarão e destruirão a felicidade de todos. É isto que vemos no mundo. É a razão para todas as fraudes, violências, opressões e maldades na terra e no inferno. Quando cada um persegue seu próprio objetivo, os interesses se chocam. A única maneira de assegurar nossa própria felicidade é perseguir a glória de Deus e o bem do universo. A questão não é se vamos desejar e perseguir nossa própria felicidade, enfim, mas se vamos fazer da nossa felicidade um fim supremo.

REBELDES NUM SANTO IMPÉRIO

Nós não estamos simplesmente sob um governo de uma lei exposta. Este mundo é uma província do império de Deus. Nos rebelamos e, através de uma nova e especial provisão, Deus nos oferece perdão. As condições são que obedeçamos aos preceitos da lei e nos submetamos à justiça das penalidades. O Evangelho de Deus complementa Seu governo pela lei. O Evangelho requer a mesma obediência que a lei. Ele requer que os pecadores se rendam à justiça das penalidades. Se os pecadores estivessem sob uma simples lei, isto requereria que eles se submetessem às aplicações das penalidades. Mas o homem não está e nunca esteve, desde a queda, sob o governo de uma simples lei. Ele sempre soube, mais ou menos claramente, que o perdão foi oferecido. Então, nunca foi determinado que os homens desejassem serem punidos. A este respeito, a submissão ao Evangelho difere da submissão à lei. Sob a lei exposta, a submissão consistiria em disposição a ser punido. Submissão consiste em concordar com a justiça da penalidade e resguardar a si mesmo de ser merecedor da eterna ira de Deus.

A obrigação de todo soberano é cuidar que todos os seus subalternos se submetam ao seu governo. Se todo indivíduo obedece perfeitamente, sua lei promoverá o bem-estar geral até o degrau mais alto possível. Mas, se alguém se recusa a obedecer, o legislador precisa forçar esse rebelde a servir o interesse público da melhor maneira. Se ele não servir voluntariamente, ele poderá ser forçado a fazê-lo. Deus é um legislador soberano e a submissão que Ele requer é exatamente o que Ele precisa requerer. Ele estaria negligenciando Sua obrigação como legislador, se Ele não o requeresse. Se você se recusou a obedecer essa determinação, você está pronto para lançar a si mesmo em Suas mãos para que Ele o puna da maneira que promoverá, da melhor maneira, os interesses do universo. Você transgrediu todo o clamor pela felicidade do universo, ou o favor de Deus. Deus requer que você reconheça a justiça de Sua lei e deixe seu futuro inteira e incondicionalmente a Sua disposição. Você precisa submeter tudo o que você tem e tudo o que é a Ele.

Verdadeira submissão requer completa aceitação aos termos do Evangelho. Eles são: arrependimento, santidade, fé, confiança total e segurança com relação a Deus. Isto o leva, sem hesitação, a colocar corpo e alma em Suas mãos, para Ele fazer com você da forma que achar melhor. Receber Cristo como mediador, advogado, sacrifício de expiação, legislador, professor e todas as funções para o que Ele foi apresentado na Palavra de Deus, é verdadeira submissão. Isto é verdadeiramente concordar com o caminho que Deus indicou para a salvação.

A Igreja está cheia de falsas esperanças. Muitas pessoas adotam o que elas pensam ser o Evangelho, sem se submeterem à lei. Elas olham com pavor para a lei e consideram o Evangelho como um esquema para fugir da lei. Essas tendências sempre foram vistas nos homens. Muitos se penduram no Evangelho e rejeitam a lei, enquanto outros aceitam a lei e negligenciam o Evangelho. A verdade é que o modo de vida é o mesmo em ambos os casos e ambos requerem uma benevolência sem interesses. Se uma pessoa pensa que sob o Evangelho ela pode desistir da glória de Deus como seu supremo objetivo e, ao invés de amar a Deus com todo seu coração, alma, força, que pode fazer de sua própria salvação seu supremo objetivo, suas esperanças são falsas. Ela abraçou outro evangelho, que, afinal, não é nenhum evangelho.

SUBMISSÃO ATÉ A SALVAÇÃO

Fé não é acreditar que você será salvo, mas acreditar no que a Palavra de Deus diz sobre Seu Filho. Ele revelou o fato de que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar pecadores. O que você chama de fé é mais exatamente esperança. A ardente expectativa de que você será salvo é a conseqüência do ato da fé e a conclusão a qual você pode chegar quando você está conscientemente obedecendo à lei e crendo no Evangelho. Quando você exercita os sentimentos requeridos na lei e no Evangelho, você tem o direito de confiar em Cristo para a sua própria salvação.

Deus deseja que toda alma seja salva. Esse fato demonstra uma benevolência sem interesses. Suponha que um homem tenha vindo a mim e perguntado: "O que eu preciso fazer para ser salvo?" e eu tenha respondido a ele: "Se você espera ser salvo, você precisa desistir de ser salvo". O que ele teria pensado? Qual escritor inspirado alguma vez deu esse direcionamento? A resposta é: "Ama ao Senhor teu Deus com todo teu coração", "arrepende-te", "crê no Evangelho", e assim por diante. Tem alguma coisa aqui que implica em desistir? Pecadores se desesperam antes de obterem a verdadeira paz. Mas qual é a razão? Desespero não é essencial para a paz verdadeira.


Muitos pecadores ansiosos se desesperam, porque eles tiveram a falsa impressão que pecaram a ponto de perder o seu dia da graça, ou que eles cometeram o pecado imperdoável. Algumas vezes eles se desesperam porque eles sabem que o perdão será concedido assim que eles concordarem com os termos, mas ele acham que são em vão todos os seus esforços para a verdadeira submissão. Eles acham que são orgulhosos e obstinados e não podem consentir com os termos da salvação. Talvez muitos indivíduos que se submetem, cheguem ao ponto de deixarem tudo de lado, como perdido. Mas isso é necessário? Nada além do que sua maldade os leva ao desespero. Eles não querem aceitar o perdão de Deus. O seu desespero, então, ao invés de ser essencial à verdadeira submissão, não tem consistência.

Nenhum homem nunca abraçou o Evangelho enquanto estivesse nesse estado. Dizer que o desespero é essencial para a verdadeira submissão, é dizer que o pecado é essencial para a verdadeira submissão. Todo cristão sabe que Deus deseja que os pecadores sejam salvos. O verdadeiro modo de salvar-se é que o homem não precisa buscar sua própria salvação, mas buscar a glória de Deus. O que os apóstolos disseram aos pecadores quando perguntaram o que eles precisavam fazer para serem salvos? O que Pedro lhes disse no Pentecostes? O que Paulo disse ao carcereiro? Para arrependerem-se, abandonarem seu egoísmo e crerem no Evangelho. Isto é o que o homem deve fazer para ser salvo.

Existe outra dificuldade em tentar converter os homens a esse caminho. É que tenta-se convertê-los pela lei e deixa-se o Evangelho de lado, tentando santificá-los sem as influências apropriadas. Paulo tentou este caminho e viu que ele não funciona. Em Romanos 7 ele nos dá o resultado. Isso o levou a confessar que a lei era santa e boa e que ele falhou em obedecê-la. Isto o levou a chorar: "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço." (Rm 7.19). A lei não era capaz de convertê-lo e ele clamou: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7.24).


Aqui, o amor de Deus em enviar Seu Filho Jesus Cristo está presente em sua mente e isto fez o trabalho. No capítulo seguinte, Paulo explica isso: "Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito." (Rm 8.3-4). Toda a Bíblia testifica que apenas a influência do Evangelho pode trazer os pecadores à obediência da lei. A lei nunca fará isto.

O CORAÇÃO PARTIDO DO PAI

A oferta do perdão pode ser pervertida, como toda coisa boa pode ser, e então isso pode iniciar uma religião egoísta. E Deus sabia disso quando Ele revelou o Evangelho. Mas nada é calculado para dominar o coração rebelde do homem além do perdão de Deus.

Havia um pai que tinha um filho obstinado e rebelde, e ele tentou dominá-lo com castigos. Ele amava seu filho e ansiava tê-lo obediente e virtuoso. Mas a criança parecia endurecer seu coração, apesar de seus repetidos esforços. Finalmente, o pobre pai ficou desanimado e rompeu em um rio de lágrimas. "Meu filho! O que posso fazer? Posso salvá-lo? Fiz tudo o que podia para salvá-lo! O que mais posso fazer?". O filho nunca se submeteu com os castigos. Mas, quando ele viu as lágrimas rolando pelas faces do pai e ouviu seus soluços, ele também rompeu em lágrimas. Ele clamou: "Chicoteie-me pai! Mas não chore!". O pai encontrou a maneira de dominar aquele coração obstinado. Ao invés de manter a mão-de-ferro da lei sobre ele, ele desmanchou sua alma diante dele. E qual foi o efeito? Forçá-lo a uma submissão hipócrita? Não, o castigo fez isso. As lágrimas sentidas do amor de seu pai o quebrantaram, enfim, para uma verdadeira submissão ao desejo de seu pai.

O pecador desafia a ira do Deus Todo-Poderoso e força a si mesmo a receber os mais pesados raios da tempestade. Então ele vê o amor do coração de seu Pai Celestial. Quando ele vê Deus manifestado em carne, curvando-Se para ter a natureza humana, carregando a cruz e desmanchando sua alma em lágrimas, suando sangue e morto, seu coração se derrete. Ele clama: "Faça qualquer outra coisa e eu a suporto; mas o amor do abençoado Jesus esmaga". Ser assim influenciado é o mais natural da mente. Ao invés de ficar com medo de mostrar o amor de Deus aos pecadores, esse é o único meio de torná-los verdadeiramente submissos. A lei forma hipócritas. Apenas o Evangelho pode levar as almas a, verdadeiramente, amarem a Deus.

Traduzido por René Burkhardt

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