"Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus."
PENSE NISTO: "O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego!" (Albert Einstein).

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sobre Orar Pelo Espírito Santo


- por CHARLES G. FINNEY - 23 de Maio de 1855

" Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir {pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir} um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" Lc 11:11-13.


Esses versículos fazem parte da conclusão de um discurso extraordinário sobre oração de nosso Senhor aos Seus discípulos. Ele foi feito pelo seu pedido de que Ele os ensinasse a orar. Em resposta a esse pedido, Ele deu a eles o que estamos acostumados a chamar de Oração do Senhor (o Pai Nosso), seguido de uma poderosa ilustração do valor de importunar, a qual Ele ainda ampliou e reforçou, renovando a promessa geral: “Pedi e dar-se-vos-á”. Então, para confirmar ainda mais a sua fé, Ele expande a idéia de que Deus é seu Pai e poderia ser alcançado em oração, como se Ele fosse um pai infinitamente bom e amável. Isto constitui a principal idéia no forte apelo feito em nosso texto. “Se um filho pedisse pão a qualquer um de vocês que é pai, você lhe daria uma pedra? Ou, se pedisse um peixe, ao invés de peixe você lhe daria uma serpente? Ou, se pedisse um ovo, você lhe daria um escorpião? Se vocês, então, sendo maus, sabem dar boas coisas para seus filhos, quanto mais o seu Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que Lhe pedirem?”.

1. Meditando sobre este texto, primeiro eu observei que, quando entendemos corretamente o assunto, nós podemos ver que esse presente, que é o Espírito Santo, compreende tudo o que necessitamos espiritualmente. Ele nos assegura aquela união com Deus, a qual é a vida eterna. Isto implica em conversão, que consiste em que os desejos sejam submetidos ao controle de Deus. Santificação é (1º) essa união, aperfeiçoada e perpetuada, do desejo a Deus; (2º) o predomínio desse estado do desejo sobre todos os sentidos, de tal forma, que toda a mente é levada à união e à harmonia com a mente e o coração de Deus.

2. É muito fácil receber esse presente de Deus. Em outras palavras, é fácil receber de Deus todas as bênçãos espirituais que realmente precisamos. Se não fosse assim, o que poderíamos pensar dessas palavras de Cristo? Como podemos explicá-las consistentemente, de alguma forma, com total honestidade? Certamente, é fácil para os filhos receberem coisas realmente boas de seus pais. Qual de vocês, sendo um pai, não sabe que é fácil para os seus filhos receberem coisas boas de você? Você sabe, por experiência própria, que eles conseguem, sem dificuldade, até mesmo de você, todos os verdadeiros bens que precisam, desde que seja possível para você. Mas, algumas vezes, você é “mau” e Cristo mostra que, já que Deus nunca é mau, mas sempre infinitamente bom, é muito mais fácil alguém receber o Espírito Santo do que seus filhos receberem pão de suas mãos. “Muito mais”! Que palavras significativas, em relação a isto! Todo pai sabe que não há nada que possa impedir seus filhos de receberem dele todas as coisas boas que eles realmente necessitam e que ele deve dar. Por isto, pais trabalham e planejam pela causa de seus filhos. Desta forma, eles podem ser contrários, ou demorados, em dar essas coisas para seus filhos?

Mas Deus está muito mais pronto a dar o Seu Espírito. Minha linguagem, então, não é, de forma alguma, forte demais. Se Deus está muito mais pronto e desejoso para dar coisas boas para Seus filhos, do que você está em dar para os seus, então, certamente, deve ser fácil, e não difícil, receber bênçãos espirituais, ainda em muito maior medida do que desejamos.

Deixem este argumento fazer morada no coração de vocês que são pais. Certamente, vocês precisam sentir essa força. Cristo precisa ser um falso mestre, se isto não é assim. É preciso que este grande presente, que em si mesmo compreende todas as dádivas espirituais, seja obtido mais facilmente e em qualquer quantia que nossas almas necessitem.

3. Como são injuriosas e desonrosas, para Deus, as opiniões de quase todos os homens neste assunto. A dependência dos homens no Espírito Santo passou a ser a apologia permanente para a delinqüência moral e espiritual. Em todos os lugares, homens dizem querer o Espírito Santo e, menos ou mais, dizem sentir Sua necessidade e que estão orando por esta dádiva; mas, continuamente e em todos os lugares, eles se queixam de não a terem recebido. Esta queixa assume, direta e indiretamente, que é muito difícil receber essa dádiva; e que Deus mantém Seus filhos em uma dieta muito baixa; e com a menor quantia possível para isso; e que Ele dá o pão e a água espirituais na menor quantia possível (como se Ele Se propusesse a manter Seus filhos apenas o mínimo acima de um estado de inanição). Passe pelas igrejas e ouça o que eles dizem e como oram. E o que você pensaria? Como você ficaria chocado com a estranha, não poderia dizer, blasfema concepção que eles fazem no que se refere à política de Deus em dar, ou de não dar, o Espírito Santo àqueles que O pedem! Posso falar por experiência e observação próprias.

Quando comecei a participar de reuniões de oração, esse fato, ao qual me referi, me pareceu muito estranho. Eu nunca tinha participado de uma reunião de oração, até que eu tivesse chegado à maturidade, porque a minha situação, a este respeito, era muito diferente da sua. Mas, depois que cheguei à maturidade, e essas reuniões aconteciam no lugar onde eu vivia, passei a freqüentá-las regularmente. Era um assunto de grande interesse para mim, mais do que eu possa explicar, ou expressar corretamente. Eu estava cheio de vontade de ouvir orações cristãs, mais ainda, quando comecei a ler minha Bíblia e encontrei nela essas coisas que temos em nosso texto de hoje. Ler tais promessas e, depois, ouvir a conversa dos cristãos foi surpreendente. O que eles diziam, junto com o que eles pareciam querer dizer, seria como isto: “Eu tenho a obrigação de participar desta reunião; não posso sair sem fazer isto. Quero testemunhar que a religião é uma coisa boa, uma coisa muito boa, muito embora eu não tenha recebido muito dela. Eu creio que Deus ouve as orações, mas não penso que Ele ouça as minhas (pelo menos, não com muita vontade). Eu creio que a oração nos traz o Espírito Santo, mas, embora eu tenha sempre orado por este Espírito, eu nunca O recebi”.

Isto parecia ser o caráter de suas conversas e pensamentos, e preciso dizer que isto me deixou muito estarrecido. Tenho razões para achar que isto estarreceu a outros. Em poucos anos que se passaram, eu entendi que esta era a grande dúvida de homens não convertidos. Eles dizem: “Não poderia agüentar, se eu fosse convertido; é muito difícil receber e manter o Espírito Santo”. Eles apelam para cristãos nominais e dizem: “Olhe para eles; não estão engajados com a religião; eles não fazem a obra de seu Mestre com seriedade e confessam isto; eles não têm o Espírito e confessam isto; eles dão um testemunho vivo de que essas promessas são de um valor prático muito pequeno”.

Agora, esses são fatos de grande importância e deveriam ser profundamente considerados por todos os que se dizem cristãos. A vida cristã de multidões não é nada menos do que a evidente negação das grandes verdades da Bíblia.

Muitas vezes, quando eu estimulo cristãos a serem cheios com o Espírito Santo, me perguntam: “Você realmente acredita que este dom é para mim? Você pensa que todos os que querem podem recebê-lO?”. Se você lhes dá exemplos, aqui e ali, de pessoas que andam na luz e são cheias do Espírito, eles respondem: “Esses não são casos muito especiais? Eles não são os poucos favorecidos, desfrutando de uma bênção que apenas uns poucos podem esperar desfrutar?”.

Aqui você deve observar, cuidadosamente, que a questão não é se poucos ou muitos têm essa bênção; mas, “ela está, na prática, ao alcance de todos? Ela está realmente disponível a todos? Essa dádiva é oferecida, verdadeiramente, da forma mais plena e mais alta? É fácil possuí-la?”. Sendo estas as verdadeiras questões, precisamos ver que os ensinamentos do texto não podem estar errados sobre esse assunto. Ou Cristo testemunhou falsamente sobre esse assunto, ou esta dádiva está disponível para todos, e é obtida facilmente. Porque não pode haver nenhuma dúvida sobre o significado e o objetivo de Sua linguagem. Nenhuma linguagem pode ser mais clara. Nenhuma ilustração poderia ser mais clara e nenhuma poderia ser facilmente encontrada, que fosse mais forte.

4. Com esta impressão impregnando a Igreja de forma tão intensa, como podemos considerar que o Espírito Santo raramente pode ser obtido de forma ampla, com satisfação completa, a não ser com a maior dificuldade?

Esta impressão, obviamente, brota da atual experiência da Igreja. De fato, mas alguns parecem ter essa comunhão consciente com Deus, através do Espírito; mas alguns realmente parecem caminhar com Deus e serem cheios do Espírito.

Quando digo alguns, preciso esclarecer o que quero dizer: poucos em relação a todo o número de cristãos professos. Tomado absolutamente, o número é grande e sempre tem sido. Algumas vezes, alguns pensaram que o número era pequeno, mas estavam errados. Elias pensou que estivesse só, mas Deus o fez entender que havia muitos (muitos, descritos como sete mil), que nunca dobraram seus joelhos a Baal. Geralmente, o uso deste número sagrado, o sete, é tomado como uma grande, indefinida, soma, muito maior do que se fosse tomada absolutamente. Pode ser assim, aqui. Mesmo assim, naquela época extremamente obscura, ainda havia muitos que permaneceram firmes para Deus.

É um fato curioso que pessoas que realmente tenham a maior piedade, normalmente são tidas como as que têm a menor, por haver tão poucas pessoas que julguem a piedade como Deus a julga. Aqueles que pregam o verdadeiro Evangelho são sempre levados a encontrar alguns, em quase todas as congregações, que adotam isso claramente. Você pode julgar por seu olhar (seus olhos brilham e seus rostos são radiantes), quase como a face de Moisés, descendo do monte.

Mas a deles não é a experiência normal de cristãos professos. O normal, que serviu para criar a impressão geral de como é difícil receber o Espírito Santo, é realmente muito diferente disso. O grande corpo de cristãos nominais não tem o Espírito, no sentido de Romanos 8. Eles não podem dizer: “A lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. Não é verdade, para eles, que eles “não andam na carne, mas no Espírito”. Comparativamente, poucos entre todos sabem, em sua própria experiência consciente, que eles vivem e permanecem no Espírito.

Aqui tem um outro fato. Muitos estão orando, aparentemente, pelo Espírito de Deus, mas não O recebem. Se você vai a uma reunião de oração, você ouve todo mundo orar por esta dádiva. Também é assim em família e, provavelmente, no quarto secreto também. Agora, é estranho dizer que eles não O recebem. Esta experiência, de orar muito por essa bênção e nunca a receber, é comum em todos os lugares. As igrejas têm suas reuniões de oração, por anos consecutivos, orando pelo Espírito, mas elas não O recebem. Em vista disto, precisamos concluir que, ou essa promessa não é confiável, ou que aqueles que oram não reúnem as condições da promessa. Eu vou me dedicar a esta alternativa mais adiante; meu objetivo, neste momento, é considerar a impressão predominante de que o Espírito de Deus é difícil de ser recebido e mantido, ainda que em resposta à oração - um fato que, obviamente, parece existir por causa da atual experiência dos cristãos nominais.

Também poderia ser dito que as igrejas têm sido ensinadas de que Deus é soberano, em tal nível, que Sua dádiva do Espírito é, apenas, ocasional e, então, é dado sem qualquer conecção com causas aparentes (não é dependente, de modo algum, do cumprimento de condições por nós). A idéia comum de soberania exclui a idéia de que Deus mantém Sua bênção gratuitamente para todos, sob a condição de oração verdadeira por isto. Digo oração verdadeira, porque preciso mostrar a você, mais adiante, que muitas das aparentes orações da igreja pelo Espírito não são orações verdadeiras. É essa oração superficial egoísta que nos leva a muitas concepções falsas sobre a concessão do Espírito Santo.

Alguns de vocês podem lembrar que contei minha experiência uma vez, quando minha mente estava muito concentrada nessa promessa, como eu disse ao Senhor que eu não acreditava nela. Ela era contrária à minha experiência consciente e eu não conseguia acreditar em nada que fosse contra minha experiência consciente. Naquele tempo, o Senhor, amavelmente e com grande misericórdia, repreendeu minha incredulidade e me mostrou que a culpa era toda minha, que nem em parte era dEle.

Multidões oram pelo Espírito como eu fiz e estão desapontadas da mesma forma, porque elas não O recebem. Não estão conscientes de que são hipócritas; mas elas não conhecem seus próprios espíritos a fundo. Elas pensam que estão prontas a fazer qualquer sacrifício para recebê-lO. Elas não parecem saber que a dificuldade está toda nelas. Elas falham em entender o quão rica e plena é essa promessa. Tudo isso faz elas pensarem que é totalmente inacreditável, porque suas orações não são respondidas. Geralmente elas suam em agonia mental em seus esforços para resolverem este mistério. Elas não admitem dizer que a Palavra de Deus é falsa e não conseguem ver que isto é verdade. Isto é aparentemente negado por sua experiência. Este fato causa a perplexidade agonizante.

5. Como podemos conciliar essa experiência com a verdade de Cristo? Como podemos esclarecer esta experiência, de acordo com os fatos neste caso, e ainda mostrar que os ensinos de Cristo devem ser tomados em seu sentido óbvio, e que são estritamente verdadeiros?

Eu respondo: o que é ensinado aqui como oração deve ser ligado com o que é ensinado em qualquer lugar. Por exemplo: o que é dito aqui sobre pedir, deve ser ligado ao que é dito sobre orar em fé (com o que é dito por Tiago sobre pedir e não receber, porque os homens pedem mal, para poderem esbanjar com suas próprias cobiças). Se qualquer um de vocês fosse fazer um propósito, ou assumir uma nota promissória, obrigando a si mesmo ou a um administrador seu a pagar de determinada forma, sob certas condições específicas, não pensaria o necessário para estabelecer as condições, mais do que uma vez. Uma vez estabelecidas as condições, iria estabelecer a promessa detalhadamente; mas não esperaria que alguém separasse a promessa das condições e, então, exigisse a promessa sem satisfazer as condições; ainda mais, acusando a você de falsidade, por você não ter cumprido a promessa sem que as condições tivessem sido satisfeitas.

Agora, o fato é que encontramos várias condições de oração reveladas por toda a Bíblia. Quem quiser orar de forma aceitável, precisa realmente preencher todas essas condições, não somente uma parte. Mas, na prática, grande parte da Igreja negligenciou, ou falhou, em satisfazer essas condições. Por exemplo: eles geralmente oram pelo Espírito Santo, por razões egoístas. Isto é terrivelmente comum. Os motivos reais são egoístas. Agora eles vêm diante de Deus e pressionam com seus longos e muitos pedidos (talvez, querendo importunar bastante); mas eles são egoístas em todas as suas orações e Deus não as pode ouvir. Eles não estão prontos, no íntimo de seu ser, a fazer ou sofrer todas as santas vontades de Deus. Deus chama alguns dos Seus filhos para longos tempos de sofrimento extremo, obviamente como um meio de purificar seus corações; mas, muitos que oram por corações puros e para o Espírito purificar seus corações, se rebelariam imediatamente, se Deus respondesse suas orações por meio desse tipo de providência. Ou, Deus pode achar necessário crucificar o seu amor à reputação e, para isto, pode submetê-los a um tipo de prova que vai levar a sua reputação pelos ventos dos céus. Você está pronto para receber as bênçãos para um coração submisso, não egoísta, ainda que isto seja dado através desse tipo de disciplina?

Normalmente, o seu motivo para pedir o Espírito é somente conforto e consolo pessoais, como se você fosse viver toda a sua vida espiritual com manjares agradáveis. Outros O pedem como um meio de autoglorificação. Eles gostariam de ter seus nomes enfeitados em jornais. Seria tão gratificante ser tido como um milagre da Graça, como o cristão mais extraordinário. Ah! Quantos estão oferecendo apenas orações egoístas, nas mais variadas formas! Até um ministro poderia orar pelo Espírito Santo, apenas por motivos sinistros. Ele poderia desejar que fosse dito que ele é muito espiritual, ou um homem de grande poder espiritual em suas pregações, ou em suas orações; ou ele poderia querer evitar aquele duro estudo, ao qual o homem que não tem o Espírito precisa se sujeitar, quando o Espírito não o ensina, nem lhe dá unção. Ele poderia quase desejar ser inspirado, de tão fácil que esse dom tornaria sua pregação e seu estudo. Ele poderia supor que realmente desejava ser cheio com o Espírito, enquanto, na verdade, ele só está pedindo de forma errada, para usar de alguma forma não santificada.

Um estudante pode orar para o Espírito o ajudar a estudar, mas sua ambição, ou sua impiedade, pode ter inspirado essa oração. Nunca esqueça: precisamos estar de acordo com as razões de Deus para termos o Espírito, assim como devíamos desejar orar de forma aceitável. Não há nenhum mistério sobre este assunto. A grande finalidade de todas as ministrações espirituais de Deus para nós, em providência ou graça, é a de nos despir do egoísmo e trazer o nosso coração em harmonia com o dEle, no espírito do verdadeiro amor.

Muitas vezes as pessoas apagam o Espírito, mesmo quando estão orando por Ele. Alguém ora pelo Espírito, mas, naquele exato momento, falha em discernir as admoestações do Espírito no seu íntimo, ou se recusa a fazer o que o Espírito o levaria e o pressionaria a fazer. Talvez essas pessoas até orem pelo Espírito, para que este dom possa ser um substituto para alguma obrigação de autonegação, a qual o Espírito esteja cobrando há tempos delas. Esta experiência não é incomum. Essas pessoas estarão muito sujeitas a pensarem que é muito difícil receber o Espírito. Uma mulher estava indo a uma reunião de oração e pensava que queria o Espírito Santo. Ela faria disto a sua missão especial, naquela reunião. Mas, quando chegou lá, o Espírito a pressionou a orar em voz alta, mas ela resistiu e deu uma desculpa para si mesma.

É comum as pessoas resistirem ao Espírito em muitos passos que Ele escolhe para elas darem. Elas queriam fazer o Espírito se render a elas; Ele as queria rendidas a Ele. Elas só pensam em ter Suas bênçãos vindo do jeito que elas escolheram; Ele é sábio e fará isto do Seu jeito, ou não fará. Se elas não podem aceitar do Seu jeito, não pode haver acordo. Geralmente, quando as pessoas oram pelo Espírito, elas têm certas coisas em sua mente que ordenariam a Ele, como a maneira e as circunstâncias. Elas deveriam saber que, se elas tivessem o Espírito, precisariam aceitá-lO do Seu jeito.

Deixe-O no comando e leve em conta que os seus interesses serão tratados. Assim, não é raro acontecer de cristãos professos manterem uma resistência perpétua ao Espírito Santo, mesmo enquanto eles estão orando ostensivamente pela Sua presença e o Seu poder. Quando Ele os atraiu de bom grado, eles estão pensando que dão ordens a Ele e se recusam a serem dirigidos por Ele do Seu modo. Quando eles realmente entendem o que significa ser cheio com o Espírito, eles dão para trás. Isto é mais e diferente do que eles pensavam. Isto não é o que eles queriam.

COMENTÁRIOS
1. A dificuldade (e toda ela) está sempre em nós, não em Deus. Você pode registrar isto como uma verdade universal, na qual não pode haver exceções.


2. A dificuldade está em nosso estado de espírito voluntário, não em qualquer coisa que seja involuntária e fora do nosso controle. Então, não há desculpas para nós O retermos e Ele já deveria ter sido dado.

Não há dificuldade em obtermos o Espírito Santo, se estamos desejosos de O receber; mas isto implica em um desejo de nos submetermos à Sua direção e cuidados.

3. Geralmente nós confundimos outros estados de espírito com o desejo por ter o Espírito de Deus. Nada é mais comum do que isto. Os homens pensam que estão desejosos por serem cheios com o Espírito e que, tendo esse Espírito, Ele fará toda a obra deles em suas almas; mas, realmente, eles estão sob um grande erro. Desejar estar totalmente crucificado para o mundo, e o mundo para nós, é totalmente incomum. Muitos pensam ter um tipo de desejo por este estado, mas, na verdade, iriam recuar, se vissem essa realidade próxima deles. Essas pessoas cometem erros constantes e pensam desejarem ser totalmente controladas pelo Espírito, quando é evidente, por suas vidas, que não desejam. O desejo governa a vida e, então, a vida deve ser um indicador infalível do que realmente se deseja. Como é a vida, assim é o desejo. Então, quando você vê uma vida alienada de Deus, você deve inferir que o desejo não é totalmente consagrado a Seu serviço, não está totalmente harmonizado com o desejo de Deus.

4. Quando o desejo realmente está no altar de Deus, totalmente rendido ao desejo de Deus em todos os aspectos, a pessoa não vai esperar muito, até que tenha o Espírito de Deus em Sua plenitude. A mente pode não estar consciente dessa profunda união com Deus, na qual ela pode entrar. O conhecimento de Deus é uma consciência de Deus na alma. Certamente, você pode saber que o Espírito de Deus está dentro de você e que a Sua luz ilumina a sua mente. Sua presença se torna uma realidade consciente.

A maneira que o espiritual atua, diferente da carnal, e manifesta a si mesmo na mente do homem, parece muito misteriosa para alguns. Não é necessário que saibamos como esses atos têm acesso a nossas mentes; para nós é suficiente, acima de tudo, saber que têm acesso. Às vezes, os cristãos sabem que os demônios trazem seus próprios pensamentos ao mais profundo de suas almas. Alguns de vocês estão dolorosamente conscientes disto. Vocês estavam certos de que um demônio tivesse derramado seu espírito sobre vocês. As mais horríveis influências foram lançadas sobre suas mentes – aquelas que, no fundo da alma, você abomina e que não poderiam vir de outro, senão de Satanás. Agora, se o Diabo pode nos fazer conscientes de sua presença e poder, dessa forma, o Espírito de Deus não pode nos revelar os Seus? Claro que pode! Se o seu coração está em sintonia com Suas sugestões e Seus avisos, Ele não pode fazer muito mais? Certamente!

Ninguém pode duvidar de que Ele pode fazer a Sua presença e os Seus atos serem uma questão de consciência clara. É preciso ter uma visão muito distorcida e, até, falsa do caso, para supor que não podemos estar conscientes de nada, além do que a nossa própria mente opera. Muitas vezes, os homens estão conscientes dos pensamentos de Satanás, como se estivessem presentes em suas mentes; este é um fato muito bem ilustrado por Bunyan (John Bunyan - 1628-1688 – pregador e escritor inglês – NT), quando ele diz que os cristãos ficam alarmados com alguém atrás deles, que fica soprando em seus ouvidos, colocando blasfêmias terríveis em suas mentes.

Muitas vezes, acontecem casos como o seguinte: um homem me procurou, em grande sofrimento, dizendo: “Não sou um cristão; tenho certeza disto. Minha mente foi cheia com pensamentos horríveis sobre Deus”. Mas esses pensamentos horríveis eram seus mesmos, e você gostou deles, e consentiu com eles? “Claro que não! Nada poderia ter-me angustiado mais”. Eles são a obra do Diabo, eu disse. “Bem”, ele disse, “talvez sejam e eu ainda não tinha pensado nisso dessa maneira antes”.

Assim, o Espírito de Deus dentro de nós pode se tornar nada menos do que um objeto de nossa percepção consciente. E, se você, verdadeira e honestamente, espera em Deus, você pode ser suprido mais abundantemente com Sua plenitude.

5. Ser cheio com o Espírito Santo, de tal maneira que Ele tome posse total de nossas almas, é o que entendo por santificação. Esta obra gloriosa é forjada pelo Espírito de Deus; e o Espírito nunca pode tomar posse total e inteiramente de nossos corações, sem realizar essa obra abençoada.

Não me surpreendo que aquelas pessoas, que não sabem nada sobre ser cheio com o Espírito Santo, neguem a existência de qualquer estado, tal como a santificação. Não precisamos nos surpreender por eles não terem nenhum conhecimento dessa obra na alma, ignorando a Sua atuação gloriosa.

6. Muitas vezes, a grande dificuldade no caminho do progresso do cristão é uma necessidade enorme de cuidado. Alguns são tão dados a falar, que não podem manter comunhão com o Espírito de Deus. Eles não têm tempo para ouvir Sua “voz baixa e suave”. Alguns gostam tanto de rir, que parece ser impossível que, alguma vez, suas mentes possam estar se portando realmente com seriedade. Como o Espírito de Deus pode habitar neste tipo de mente? Várias vezes, em nossas discussões teológicas, eu sofri ao ver o quanto é difícil, para pessoas envolvidas em uma disputa e em uma discussão com alguém, evitar ficarem irritadas. Algumas delas são cuidadosas e oram muito contra essa tentação, mas, às vezes, vemos pessoas caírem abertamente, diante dessa tentação. Se os cristãos não fecharem o portão contra todas as ofensas da língua e, na verdade, contra todas as formas de egoísmo, não há nenhuma esperança de que eles resistirão ao Diabo e ao mundo, tanto quanto a de serem conquistadores, afinal.

7. O Espírito de Deus nos incomoda, ou nos consola, de acordo com o quanto resistimos ou recebemos este grande dom. O plano do Evangelho foi formulado com o fim de realizar essa união completa e essa harmonia entre nossas almas e Deus, de forma que a alma pudesse se agradar da própria paz de Deus e pudesse estar em perfeita harmonia com o seu Criador e Pai. Portanto, a grande obra do Espírito é trazer para este estado. Se concordamos, e se nossos desejos se harmonizam com Seus esforços, Ele nos consola; se resistimos, Ele nos incomoda; (acontece uma luta: se, nesta luta, passamos a entender a Deus e nos submetemos, então, Suas bênçãos vêm gratuitamente e nossa paz é como um rio; mas, enquanto resistimos, não pode haver nenhum fruto do Espírito operando em nós, mas repreensão e confusão). Ele não pode ser o Autor da paz e do consolo, para nós.

8. Como deve ser abominável para Deus a Igreja praticamente negar a verdade dessa grande promessa, em nosso texto, e se lançar ao chão em busca do Espírito! Quão terrível, esses cristãos sustentarem e ensinarem que ser verdadeiramente cristão é uma coisa difícil! Que incredulidade abominável! Com que força a Igreja testemunha ao mundo, assim, contra Deus! Melhor seria você queimar a sua Bíblia, do que negar que receber o dom do Espírito é a coisa mais fácil do mundo! E, agora, estranho dizer, alguns sustentam que Deus é tão soberano, e é soberano de tal forma, que poucos podem receber o Espírito plenamente. E, esses poucos, apenas recebem do jeito que possa acontecer, e não por qualquer meio que seja o resultado da provisão gratuita que foi feita, e da promessa revelada confiantemente, a qual a fé de qualquer homem pode tomar posse. Oh, como essa noção de soberania contradiz a Bíblia! Por quanto tempo isso vai ser assim?

Vocês, jovens, realmente acreditam que seus jovens corações podem ser cheios com o Espírito? Vocês realmente acreditam, como diz o nosso texto, que Deus está mais desejoso em dar o Seu Espírito para aqueles que O pedirem, do que o seu próprio pai, ou sua própria mãe, lhe daria coisas boas? Muitos de vocês estão aqui, longe de seus pais. Mas vocês sabem que, até mesmo sua mãe viúva, por mais que ela precise de cada centavo para ela mesma, dividiria satisfeita o último com vocês, se vocês precisassem. O seu pai terreno também faria assim. Vocês realmente acreditam que Deus está tão desejoso quanto eles, e tão pronto, e com tanto amor? Agora, Ele não está muito mais do que eles, tanto mais quanto Ele é melhor do que eles? E, agora, vocês realmente precisam e desejam esse dom do Espírito? Se é assim, vocês viriam e pediriam em total confiança de que vocês têm um Pai real nos céus?

Vocês encontram dificuldades práticas? Vocês percebem o quanto vocês desonram a Deus, se vocês se recusarem a crer em Sua palavra da promessa? Alguns de vocês dizem: “Eu sou tão pobre e tenho tantas dívidas, que preciso ir trabalhar em algum lugar para ganhar dinheiro”. Mas vocês têm um pai que tem dinheiro suficiente. “Sim, mas ele não vai me ajudar. Ele ama ao dinheiro, mais do que ama a seu filho”. Isto não seria um grande escândalo para o seu pai, uma desgraça viva para ele? Com certeza, seria! E você estaria tão sensível a isto, que você não o diria, se não fosse totalmente verdade, a menos que alguma circunstância muito forte parecesse requerer de você este péssimo testemunho. Se a sua mãe, estando amplamente capacitada, não o ajudasse em sua educação, ou em sua doença, você falaria duramente sobre isto, da melhor forma para que isto desonrasse o seu caráter.

E, agora, você se atreverá a dizer: “Deus não me ama; Ele não quer me educar para o céu; Ele Se recusa totalmente a me dar o Espírito Santo, muito embora eu sempre peça a Ele e O busque para que Ele faça isto!”? Você ainda pensará assim? E você ainda pode seguir adiante e agir dessa forma diante de todo o mundo? Ah, por que você iria desonrar desta maneira o seu próprio Deus e Pai?


Extraído de http://www.charlesgfinney.com/1855OE/550523_prayer_for_h_s.htm
Traduzido por René Burkhardt


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