"Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente, ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus."
PENSE NISTO: "O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego!" (Albert Einstein).

sábado, 17 de julho de 2010

O Falso Evangelho do Calvinismo

- por René Burkhardt | 17 de Julho de 2010

Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3).

Paulo, aqui, fala sobre a pregação do Evangelho. Ele deixa claro que a base do Evangelho é a morte e a ressurreição de Jesus pelos nossos pecados. Já que Paulo está citando Isaías 53, ao dizer essas palavras, fica evidente que ele se refere a todos os seres humanos, quando diz “nossos pecados”, afinal, Isaías estava falando a respeito de todas as pessoas não regeneradas.

Isaías diz: “como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (v. 3). Isaías se refere a um “nós”, que os calvinistas insistem em dizer que é o grupo dos predestinados (eleitos incondicionalmente por Deus, não pela manifestação pessoal de fé). Mas, mais adiante, Isaías especifica quem são essas pessoas pelas quais o Senhor morreu: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos... Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido” (v.8). Ora, o povo de Isaías era Israel! Então, ele estava dizendo que todo o povo de Israel tinha sido eleito incondicionalmente, sendo, assim, salvo pelo Seu sangue? Evidente que não! Sabemos que muitos judeus foram condenados pelo Senhor. Ele está dizendo que Jesus “foi cortado da terra dos viventes” por causa de todas as pessoas. Seu sangue foi derramado incondicionalmente por todos, eleitos ou não, mas com efeito salvador condicionado à manifestação da fé naqueles que, ensinados a Seu respeito pelo Espírito, reconhecessem e se submetessem ao Seu senhorio.

Talvez, alguém queira dizer que Isaías conclui o capítulo falando em justificação para muitos, não para todos. E é exatamente isso que aconteceu: o sangue de Jesus não justificou a todos pelos quais Ele deu Sua vida. Justificou aos que O receberam, em fé. Não justificou aos que não O receberam, apesar de Ele ter feito o sacrifício suficiente para todos. E por que alguns O recebem e outros não? Porque todos têm a liberdade para escolher recebê-lO ou rejeitá-lO! Todos são capacitados pelo Espírito Santo a fazerem a sua opção, antes de passarem por um processo de regeneração, que só se dará após o novo nascimento. Este nascimento só se dará “mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”, pela palavra.

“[Jesus] em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1.13). A fé é um dom de Deus, não vem de nós. Ela vem por ouvir a pregação. Todos ouvem a pregação! Alguns a recebem, outros a rejeitam. Por serem predestinados a isto? Não! Por escolherem livremente o caminho pelo qual querem andar! Isto é a manifestação da benignidade de Deus, nosso Salvador, e do Seu amor para com todos. Isto não fere a Sua soberania, afinal, onde ela poderia ser mais evidente: em um mundo onde os homens não têm como fazer algo diferente de Sua vontade, ou em um mundo onde os homens têm liberdade de escolha e, ainda assim, é a Sua vontade que prevalece?

“Ele [Jesus] é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2.2). Esta é a verdade do Evangelho! Não podemos diminuir o valor da obra de Jesus! Se o fizermos, estaremos chamando o Senhor de mentiroso! Foi o Espírito de Deus que falou através dos apóstolos e profetas! Quando dizemos que Jesus não é a propiciação pelos pecados de todas as pessoas, estamos dizendo que Ele mentiu. Os calvinistas insistem em dizer que as palavras de João neste versículo se referem aos eleitos incondicionalmente, que estavam espalhados pelo mundo inteiro, separados daquela comunidade para a qual João escrevia. Mas isto é impossível! O Espírito Santo estaria Se contradizendo!

Amados calvinistas, vejam o que o mesmo Espírito diz, através de Paulo: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18). Todos os seres humanos foram encerrados no pecado, não só uma parte deles. E, aqui, o Senhor nos diz que a graça para a justificação veio sobre todos esses mesmos seres humanos. Não há como dizer que “todos” significa “alguns” no mesmo texto e no mesmo contexto em que “todos” significa “todos”! Mais uma vez, tal afirmação é dizer que Deus mentiu! E isto é pregar um Evangelho que não é Evangelho, pois sabemos que a Palavra de Deus é infalível e que Ele não mente!

“Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis” (1 Tm 4.10). Esta palavra confirma a anterior. Ela não diz, como calvinistas costumam alegar, que todos os homens estariam salvos pelo sangue do Cordeiro, se o “todos os homens”, aqui, não se referisse, apenas, aos eleitos incondicionalmente. Aqui, o Espírito Santo nos mostra que Jesus veio como salvador de todos os homens, sim, mas que nem todos os homens O receberam como tal. Apenas alguns O receberam e se mantiveram fiéis a Ele. Mas “os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13.2). Como sempre, não há contradição do Espírito!

Amados, “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. Não podemos reduzir este mundo a um seleto grupo de predestinados. Se assim o fizermos, perderemos, até mesmo, a segurança e a certeza da nossa salvação, tão bem esclarecida na Palavra. Porque esta mesma Palavra que nos dá a certeza da salvação, também diz: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (2 Pe 2.1).

Se tenho a certeza que Deus elegeu incondicional e previamente aqueles que serão salvos e aqueles que serão condenados, mediante esse versículo já não saberei mais a qual dos dois grupos eu pertenço! Afinal, depois de minha regeneração (evidenciada pela minha declaração de fé), eu ainda poderia me levantar como falso mestre e trazer destruição sobre mim mesmo. Mas a regeneração não me dá a certeza da salvação? Que salvação é esta, que poderia se transformar em condenação? O Espírito Santo mentiu, ao me assegurar por todo o Novo Testamento a salvação mediante a fé, ou esse resgate mencionado nessa passagem se refere realmente a todas as pessoas? Deus não mente!!! É evidente que o Soberano Senhor resgatou todas as pessoas com o Seu sangue, porém, muitos não aceitaram esse resgate, por livre escolha. Já seria maldade demais, muita falta de amor, formar alguém, exclusivamente, para queimar no lago de fogo eternamente. Mas seria ainda maior maldade, convencer alguém que ele foi regenerado para a salvação e, na hora final, mandá-lo para o inferno!

Aí está a falsidade desse evangelho calvinista: o calvinismo pega um atributo de Deus, sua soberania, e faz todos os Seus outros atributos se submeterem a esse. Ele diminui o amor e a misericórdia de Deus, para mostrar o quão poderoso Ele é, mandando pessoas para o inferno, apenas porque Ele as formou para isto. Dizer que Jesus não Se entregou por todas as pessoas é diminuir a Sua obra! É um Evangelho falso! Dizer que Deus não ama a todas as pessoas é contrariar a própria Palavra do Senhor, “porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. E “todo o que nele crê” e a Ele se submete, e a Ele se entrega, nunca, jamais, calcará “aos pés o Filho de Deus”, nem profanará “o sangue da aliança com o qual foi santificado”. Estas coisas farão aqueles que “não acolheram o amor da verdade para serem salvos”. E, se o Espírito nos diz que pessoas resgatadas (2Pe 2.1) e santificadas pelo sangue da aliança (Hb 10.29) são passíveis de condenação, certamente, Ele está dizendo que o sangue de Jesus foi derramado por todas as pessoas, tanto as que serão salvas, como as que serão condenadas.

Meus amados, fujam desse evangelho que diminui o amor de Deus, que restringe a obra redentora do Senhor Jesus, que transforma em mentira as palavras do Espírito Santo. Deus não pode satisfazer um atributo de Seu caráter e ferir outro. Se nós não optarmos voluntariamente por Cristo, a justiça de Deus não será satisfeita. E se Deus tivesse nos formado sem condições de optarmos voluntariamente por Ele, Ele próprio seria o responsável pela não satisfação da Sua justiça. Em outras palavras, Ele estaria pecando, pois pecar é ferir o caráter de Deus.

O Evangelho “é o poder de Deus para a salvação de TODO AQUELE que crê” (Rm 1.16).

8 comentários:

Eduardo - Araranguá - SC disse...

Oi irmão,

E o que Pedro quer dizer em 1 Pe 1.2 com "ELEITOS SEGUNDO A PRESCIÊNCIA" de Deus? Não está dizendo que Deus também sabia quem ia aceitar o sacrifício de Jesus???

1Pe 1:2 Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.

Que Deus continue te abençoando irmão

Anônimo disse...

Onde eu assino mesmo? Rsrsrsrsrs

Concordo com o teu texto. O sacrifício de Jesus é suficiente para todos que quiserem, mas só é regenerado os que o aceitam.

Jesus te conserve assim.

Ah, colocarei esse texto em meu blog.

Em Cristo,
Elton Morais

René disse...

Amado Eduardo,

As palavras de Pedro corroboram tudo que foi dito aqui. Pedro fala em eleição de acordo com a presciência de Deus. Em outras palavras, ele nos confirma que Deus é onisciente e onipresente, quer dizer, Ele está em todos os lugares e em cada momento dessa seqüência de acontecimentos que chamamos tempo. É dessa forma que Deus faz Suas profecias infalíveis. Ele já sabe o que acontece sempre. Apesar disto, Ele não faz as escolhas pelo homem. Saber que é assim não significa fazer com que seja assim. É claro que o Seu Espírito fala constantemente com todas as pessoas, orientando o caminho que deve ser tomado. Mas isto é uma orientação, não uma imposição. Deus não nos força a nada.

Assim, tendo o conhecimento prévio de todas as nossas escolhas, Ele pôde eleger aqueles que seriam salvos e os que não seriam. E isto está longe de ser uma eleição decorrente de obras humanas, como o calvinismo diz que seria, pois a própria Palavra diz que a fé não é considerada obra (leia Romanos 4, principalmente, versos 3 a 5). E também está longe de ser a eleição calvinista.

Grande abraço e continue na Paz!

René disse...

Amado Elton,

Muito bom ver você por aqui novamente. Parabéns pela aprovação para a Universidade!

Fico muito feliz que você tenha esse entendimento.

Como você já sabe, você pode publicar qualquer postagem deste blog. Elas são para divulgação, mesmo. Creio que você percebeu que esta é um desenvolvimento da postagem Eleição, que fiz há algum tempo e que você também publicou. Fique à vontade!

Grande abraço, sucesso na Universidade, e continue na Paz do Senhor Jesus!

Anônimo disse...

René, fui calvinista por mais de 20 anos e hoje mesmo estava comentando com um irmão daqui do trabalho que nunca vi Jesus dizer absolutamente nada nem que o calvinismo, nem que o arminianismo, nem que do tomismo ensinam em suas teologias que são lógicas e mentirosas.

Olha só a lógica interessante que porém é mentira:

O texto de Pedro diz que somos eleitos segundo a presciência de Deus. O argumento calvinista junta todos os textos sobre a predestinação e diz que Deus só conhece o futuro, porque decretou como ele seria lá no passado, na eternidade. Como Deus decretou o amanhã, ontem Ele já adquiriu o conhecimento do amanhã, pois caso não houvesse decreto, Deus não seria presciente, não conheceria o futuro.

Se não fosse assim, Deus olharia para o futuro e veria aqueles que receberiam a Jesus como seu salvador pessoal e aí Ele os elegeria. Portanto a salvação não seria pela graça de Deus, mas pela obra de aceitar a Jesus do individuo.

As construções lógicas teológicas ao meu ver são TODAS falsas, TODAS entretenimento para que fiquemos idiotados e busquemos respostas inúteis a prática do Evangelho.

Na verdade há a escolha da pessoa por Deus e há o toque de Deus na pessoa que é morta, e se é morta, não pode escolher nada, então se isso ocorre simultaneamente, ou seja, o toque do Espírito e sua escolha por Cristo, ótimo, senão bom também.

O que importa é que há um casamento da graça de Deus que toca com a vontade do Homem que escolhe, o resto é só o resto.

Ufa! Falei demais.

Paz e Bem!

René disse...

Amado Cláudio,

Falou demais, nada! Suas palavras são sábias e, talvez, até mais coerentes do que esse meu texto. Só gostaria de chamar atenção para o fato de que a manifestação de fé em Jesus não é obra, conforme Paulo bem esclareceu em Romanos 4. Assim, mesmo após essa manifestação de fé, a salvação ainda seria pela graça de Deus.

Esse é o entendimento que tive e a principal motivação para escrever esse texto.

De qualquer forma, gostaria que você sempre compartilhasse conosco a sua visão do Reino. Certamente, todos ganharemos com isto.

Grande abraço e continue na Paz do Senhor!

Anônimo disse...

René: Eu te entendo perfeitamente e concordo, tão somente estava contando os argumentos pseudo-lógicos e irrefutáveis dos calvinistas.

Na verdade, hoje eu não gosto e não concordo com teologia alguma. Eu tão somente leio a bíblia a partir de Jesus e vejo o que entendo. Mesmo o Caio Fábio a quem admiro, prega muitas coisas que não dão eco no meu coração e como não dão liga, não creio da mesma forma.

Mas reconheço que é dos sábios mudar de opinião e que minhas convicções de hoje podem não ser as de amanhã.

Há um progresso nos meus entendimentos e louvo a Deus por isso.

Forte abraço

René disse...

Acho que eu li muito rápido o seu comentário. Me desculpe.

Realmente, sem teologia, apenas com o entendimento da Palavra, a partir de Jesus, deveria ser o proceder de todos. É para isto mesmo que o Senhor nos enviou o Espírito Santo: para nos ensinar e lembrar de todas as coisas relativas a Jesus.

Talvez este texto (e outros também) ajude a desconstruir um pouco da teologia que está impregnada nas pessoas. Vendo outras linhas de pensamento, talvez as pessoas parem de buscar fórmulas prontas, principalmente aquelas que têm um cheiro agostiniano, e passem a viver o Evangelho na pureza e simplicidade de Cristo.

Valeu!!!

Abração e Paz!