"Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo" Atos 16:30,31.
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" 1Coríntios 1:30.
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" 1Coríntios 1:30.
O plano de salvação do Evangelho é pela fé, não por obras. Originalmente, a raça humana era para ser salva pela perfeita e eterna obediência à lei de Deus. Adão era o cabeça natural da raça humana e o seu pecado nos envolveu em suas conseqüências. Mas o seu pecado não é contado, literalmente, como nosso pecado. Ele permaneceu como nosso cabeça natural e seu pecado resultou no pecado e ruína de seus descendentes. "pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores" (Rm 5.19).
Quando Adão caiu, a lei não ofereceu nenhuma esperança de salvação. Então o plano que havia sido efetuado pela divina providência para salvar a humanidade, por simples graça, foi revelado. A salvação agora estava colocada sobre um novo fundamento por uma aliança de redenção. Você encontrará essa aliança no Salmo 89 e em outros lugares no Antigo Testamento. Esta é uma aliança entre o Pai e o Filho, relativa à salvação da humanidade e é o fundamento de outra, a Aliança da Graça.
A RELAÇÃO COM A ALIANÇA DE DEUS
Na aliança da redenção, o homem é meramente o objeto da aliança. As partes são o Deus Pai e o Deus Filho. Nessa aliança, o Filho foi feito o cabeça, ou a representação de Seu povo. Adão era o cabeça natural da família humana e Cristo é o cabeça da aliança de Sua Igreja. A Aliança da Graça foi fundamentada nessa aliança de redenção. Feita com os homens e revelada para Adão, depois da queda, ela foi revelada de forma mais completa para Abraão.
Com Jesus Cristo como Mediador dessa Aliança da Graça (em oposição à aliança original de obras), a salvação agora seria pela fé. A obediência e morte de Jesus Cristo foi considerada a razão pela qual qualquer indivíduo poderia ser salvo, não a obediência pessoal, individual. Mas a obediência de Cristo não foi realizada por nós. Como homem, Ele tinha que obedecer por Ele mesmo. Se Ele não obedecesse, Ele Se tornaria pessoalmente um transgressor. Agora há um sentido no qual pode ser dito que a Sua obediência é computada em nossa conta. Sua obediência honrou completamente a lei e Sua morte satisfez amplamente as exigências da justiça pública.
A Graça (não justiça própria) considerou Sua retidão como nossa. Se Ele tivesse obedecido à lei estritamente por nós, a justiça teria considerado Sua obediência como nossa. Nós poderíamos ter obtido a salvação por direito, ao invés de buscá-la através da graça. Apenas neste sentido a salvação é considerada nossa: que Ele, sendo Deus e homem, voluntariamente assumiu nossa natureza e entregou Sua vida para fazer expiação. Isso lançou tamanha glória sobre a lei de Deus, que a Graça está pronta para considerar Sua obediência como sendo nossa, como se fôssemos corretos.
Cristo também é o cabeça da aliança daqueles que crêem. Ele não é o cabeça natural, como Adão foi, mas a nossa relação de aliança com Ele é tal, que tudo o que Ele fez, tanto como Deus ou como homem, nos é dado por promessa. A Igreja, como corpo, nunca entendeu a totalidade e a riqueza dessa aliança. Tudo o que está em Cristo é nosso, na Aliança da Graça. Nós recebemos essa Graça pela fé. Nada que possamos fazer nos torna merecedores dessa honra. Mas, assim que exercitamos fé, tudo que está contido na Aliança da Graça se torna nosso. Este é o motivo dos escritores inspirados fazerem tanto caso da fé. A fé é a nossa parte na Aliança. Ela é o olho que discerne, a mão que segura e o meio pelo qual nos tornamos donos das bênçãos da Aliança. Pela fé, a alma se torna dona de tudo o que diz respeito ao ato de fé. Se não há fé suficiente para quebrar as cadeias do pecado e colocar a alma em liberdade, é porque o ato de fé não continha o suficiente do que Cristo é e do que Ele fez.
BENEFÍCIOS DA ALIANÇA
Eu me referi ao versículo de Coríntios, com o propósito de discutir coisas fundamentais contidas na Aliança da Graça. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção", mas o que isto significa? Como e em que sentido Cristo é nossa sabedoria, justiça, santificação e redenção? Jesus é constantemente chamado de Sabedoria de Deus. No livro de Provérbios Ele é chamado Sabedoria. Mas como Ele Se nos tornou Sabedoria?
Primeiro, temos todos os benefícios da Sua sabedoria. E, se exercitamos fé, ficamos certos de sermos dirigidos por ela. Ele é a infinita fonte de sabedoria e nós somos participantes de Sua sabedoria e a temos garantida para nós. Se confiamos nEle, nós a podemos ter tão certo como se a tivéssemos em nós mesmos originalmente. Isto é o que precisamos do Evangelho e o que o Evangelho precisa fornecer para suprir nossas necessidades.
Qualquer homem que pensa que suas próprias teorias e especulações o trarão para algum conhecimento correto sobre Deus, na verdade, não sabe nada. Seu coração carnal, terreno, não pode estudar mais as realidades sobre o assunto, do que o coração de um animal. "Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus" (1Co 2.11). O que podemos saber, sem experiência, sobre o caráter, ou o Espírito de Deus? Você diz: "Nós podemos explicar Deus?". O que, especificamente, se podemos explicar? O que a razão pode fazer aqui?
Suponha que eu tente ensinar de forma puramente intelectual o que é amar. Eu poderia racionalizar e filosofar sobre o amor. Mas é impossível fazer compreender de forma puramente intelectual o que é o amor, sem que já o se tenha experimentado! É como falar sobre cores com um homem que nasceu cego. Ele ouve a palavra, mas que idéia ele pode associar a ela? Colocar a idéia da diferença de cores em sua mente é impossível. A expressão é uma mera palavra. Aquele que não experimentou o cristianismo em seu ser pode racionalizar sobre ele. Ele pode provar as perfeições de Deus, como poderia fazer com a teoria da gravidade. Mas o espírito e a vida do Evangelho não podem ser levados à mente por simples palavras, sem experiência, mais do que o amor para um intelectual, ou cores para um cego de nascença. Você pode explanar a lei e esmiuçá-la com convicção, mas dar o significado espiritual das coisas sem o Espírito de Deus é absurdo.
Jesus se nos tornou justiça. Justiça significa santidade, ou obediência à lei, e santificação significa a mesma coisa. Qual diferença, então, Paulo tinha em mente? Cristo é nossa justiça exterior. Sua obediência é, sob a Aliança da Graça, contada como nossa. Ele não obedeceu por nós e Deus não nos considera justos porque nosso Substituto obedeceu; mas, por meio da graça, somos tratados como se tivéssemos obedecido. Algumas pessoas pensam que a justiça de Cristo é atribuída a nós de tal forma que somos considerados como tendo sido sempre santos. Uma vez foi argumentado que a justiça nos foi imputada e que tínhamos o direito à salvação por causa dessa justiça. Minha visão sobre a matéria é completamente diferente. A justiça de Cristo se torna nossa por presente. Deus nos uniu a Cristo e, por conta dEle, nos trata com favor.
Por exemplo: imagine que um pai prestou algum serviço ao seu país e o governo o recompensou. E não apenas o próprio indivíduo foi recompensado, mas toda a sua família, porque eles são seus filhos. Governos humanos fazem isto e a razão é muito clara. Os discípulos de Cristo são, de forma idêntica, considerados um com Ele. O Pai está altamente satisfeito com o serviço que Ele prestou ao Reino e Ele computa a justiça de Cristo para eles, como se ela fosse deles mesmos. Em outras palavras, Deus os trata exatamente como Ele trataria o próprio Cristo. Por favor, tenha em mente que agora estou falando de justiça exterior, a razão pela qual Deus aceita e salva crentes em Cristo. Esta razão inclui tanto a obediência de Cristo à lei, como Sua obediência até à morte.
O AUTOR DA SANTIDADE
Santificação é pureza interior, ou santidade. Jesus é nossa pureza interior. O controle que Ele exerce sobre nós, Seu Espírito trabalhando em nós, derrama amplamente Seu amor em nossos corações e, através da fé, somos feitos santos. Quando digo que Cristo é nossa santificação, ou nossa santidade, quero dizer que Ele é o autor de nossa santidade. Ele não apenas torna isto disponível para nós, por Sua expiação e intercessão, mas, por Seu contato direto com a alma, Ele produz santidade. Ele não é a causa distante, mas, sim, imediata de sermos santificados. Ele trabalha em nós pelas influências de Seu Espírito, de uma forma perfeitamente alinhada com nossa liberdade. A santificação é recebida pela fé. Pela fé, Jesus é recebido e entronizado como Rei em nossos corações. Quando a mente se une a Cristo, ela é guiada por Seu Espírito, liderada e controlada por Sua mão. O ato da mente, que coloca a alma na mão de Cristo para santificação, é fé. Nada é necessário, exceto para a mente, que deve cortar qualquer confiança em si mesma e deve dar-se para ser liderada e controlada por Ele.
Imagine um filho que oferece sua mão para seu pai, para ser guiado a qualquer lugar que o pai desejar. Se o filho estiver desconfiado, ou de má vontade para ser guiado, ou se ele tiver confiança em sua própria sabedoria e força, ele vai se soltar e tentar andar sozinho. Mas, se toda essa autoconfiança falha, ele voltará e se dará novamente ao seu pai, para ser inteiramente guiado por sua vontade. De forma parecida, pela fé, um indivíduo permite que sua mente seja guiada e controlada por Jesus Cristo. Ele rompe com seus esforços e se coloca nas mãos de Cristo para santificação.
Jesus é nossa redenção. Isto se refere à prática judaica de posses para resgate, ou é relativo a ter sido comprado por preço (ter pago fiança). Quando um bem era vendido para fora da família, ou um indivíduo era privado da liberdade com fiança estipulada, eles poderiam ser resgatados mediante o pagamento de um preço. Há freqüentes alusões a essa prática de redenção na Bíblia. Enquanto estamos em nossos pecados, sob a lei, somos vendidos como escravos na mão da justiça pública. Somos condenados à morte e não temos nenhuma maneira possível de evitar o cumprimento da lei. Mas o próprio Cristo é o preço de nossa redenção. Ele nos redimiu do cumprimento da lei, tendo-a cumprido por nós. Ele nos redimiu do poder do pecado.
O FAVOR NÃO MERECIDO DE DEUS
Sob essa Aliança da Graça, obras da lei podem fazer tanto por nossa salvação, quanto se nunca tivéssemos existido. Todos precisam diferenciar a salvação por obras e a salvação pela Graça. Salvação pela Graça está fundamentada em uma razão inteiramente separada e fora de nós mesmos. Sob a lei, a salvação dependia de nós mesmos. Agora nós a recebemos como um presente gratuito. Jesus Cristo é o Autor único, o fundamento e a razão para a nossa salvação. Nossa própria santidade não penetra totalmente na razão para nossa aceitação ou salvação. Não ficamos em débito com Cristo por um momento, até sermos santificados, para depois ficarmos na nossa própria justiça. Por mais perfeitos e santos que possamos nos tornar, Jesus Cristo será sempre a única razão porque não estamos no inferno. Por mais santos que possamos nos tornar, será para sempre verdade que pecamos. Na visão da justiça, nada em nós, em lugar de nossa condenação eterna, pode satisfazer a lei. Mas Jesus Cristo permanece o único caminho de nossa salvação.
Fé em Cristo nos coloca na posse de Jesus. Ele era a grande bênção prometida na aliança abraâmica. Nas Escrituras Ele é mostrado como a essência e o sentido de todos os favores de Deus para o homem. Ele é o Pão da Vida, a Água da Vida, nossa força e nosso tudo. A fé coloca a mente de posse de todas essas bênçãos. Ela acaba com aquelas coisas que ficam no caminho de nosso relacionamento com Cristo. Ele diz: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo" (Ap 3.20). Por que não recebemos Cristo como nossa sabedoria? Porque dependemos de nossa própria sabedoria e pensamos que sabemos as coisas de Deus. Enquanto dependermos disto, manteremos a porta fechada. Escancare a porta e abra mão de sua sabedoria. Quando estamos vazios de qualquer conhecimento disponível, com relação ao meio de salvação, então Jesus nos ensina. Até fazermos isso, existe uma porta entre nós e Cristo. Temos algo de nós mesmos, ao invés de vir e nos lançarmos perfeitamente nas mãos de Jesus.
Como a fé nos coloca de posse da justiça de Cristo? Até nossa mente tomar posse da justiça de Cristo, estamos engajados em trabalhar uma justiça de nós mesmos. Até rompermos inteiramente com nossas obras próprias e nos lançarmos sobre Jesus para a justiça, não podemos vir até Ele. Ele não quer remendar nossa própria justiça para torná-la adequada. Ele não nos receberá. Mas no momento que o indivíduo toma posse de Jesus, ele recebe tudo da justiça de Cristo, através da graça. Isto também é verdade com relação à santidade e à redenção. Até o indivíduo receber a Cristo, ele não cessa com suas próprias obras. No momento que a mente se une a Jesus, a responsabilidade passa a ser Sua. O crente pela fé se compromete com Cristo para obedecê-Lo e ser santificado. Quando a mente reconhece a Cristo devidamente e O recebe com uma fé decidida, nada é deixado em oposição à lei de Deus.
Em qualquer tempo que você vier a Cristo, receba-O por tudo o que Ele é: sabedoria, justiça, santificação e redenção. Nada além da incredulidade pode impedir você de desfrutar de tudo isso agora. Nenhuma preparação vai ajudar. Você precisa receber a salvação como um presente gratuito da Graça. A verdadeira fé sempre trabalha por amor, purifica o coração e supera o mundo. Sempre que você sente qualquer dificuldade no seu caminho, você tem uma carência de fé. Não importa o que aconteça com você externamente, seja você pensar que está apostatando, ou se sua mente está confusa, incredulidade é a causa e fé é o remédio. Se você fica agarrado a Jesus e se mantém assim, todos os demônios do inferno nunca poderão desviá-lo de Deus, ou apagar a sua luz.
Traduzido por René Burkhardt
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