- por René Burkhardt | 25 de Março de 2011
E aí, depois de deixar seus afazeres e muito andar em direção a Jesus, ela intercedeu:
- Senhor, eu sei que Você é o Messias prometido, o próprio Deus que prometeu nos redimir, o Filho de Davi, por isto eu clamo a Você: tenha compaixão de mim e liberte minha filha, pois ela está horrivelmente endemoninhada! (Mt 15.22ss)
Silêncio... o seu clamor parecia não chegar a lugar nenhum, pois ela não obteve resposta!
As pessoas próximas ainda cochichavam entre si: “Que coisa ridícula! Quem essa mulher pensa que é, para incomodar o nosso Mestre? Ela não faz parte do nosso grupo e não tem direito nenhum de pedir alguma coisa a Ele! Se ela andasse com a gente, ainda vá lá! Mas vem lá não sei de onde, dizendo que sabe quem é Jesus, sem nunca ter tido uma aula conosco! Vê se pode! Mestre, manda essa mulher embora, que ela continua aí, aporrinhando a gente e dizendo que sabe quem Você é!” (15.23).
Não viram sua dor! Não viram que ela intercedia por uma pessoa, a fim de que esta fosse liberta e pudesse viver o amor de Cristo pelo resto da eternidade. Viram o exterior, a aparência, e pensaram que era mais um pedido para obter vantagem pessoal, afinal, pedia pela filha. Não entenderam que o “horrivelmente endemoninhada” significava uma vida de depravação e de mergulho de cabeça em direção à morte eterna! Não amaram, nem a uma, nem a outra mulher!
Mas Jesus nunca se fez de surdo com ninguém! Por que, então, o silêncio? Por que Ele não respondia? Porque, como sempre, Ele via muito além daquela situação específica. Ele via todo o futuro da humanidade e sabia que a história daquela mulher seria contada por todas as gerações futuras, para a edificação de muitos. Ele podia ter resolvido a questão em segundos, apenas com um gesto, ou mesmo com uma palavra. Mas o Seu propósito era muito superior, por isto, Ele permitiu que a situação se desdobrasse da forma que aconteceu. Assim, Ele preferiu provar publicamente a fé daquela mulher!
Mas, depois de algum tempo, Ele Se dirigiu a ela com palavras que poderiam cortar mais do que o silêncio anterior: “Mulher, Eu vim trazer a salvação aos judeus! Por que Eu deveria desperdiçar meu tempo e o Evangelho que trouxe para eles, com uma pessoa de fora desse grupo?” (15.24).
Não sei quanto a você, mas, eu, nessa hora, daria meia volta e sumiria dali, com o rabinho entre as pernas! E por que a mulher não sambou fora? Muito simples: porque ela tinha fé no Senhor! Sabia que Deus, o Messias, podia atender seu pedido. Mas, mais do que isto, ela havia se disposto a interceder, porque essa questão, em seu coração, era de vida ou morte, para ela! Se ela não tivesse tal sentimento, não se manteria firme em sua intercessão. Teria, apenas, falado o que falou e, diante da resposta negativa, voltaria para os seus e diria: “É! O caso dela não tem mais jeito! Está perdida mesmo!”. Só que ela compreendia o valor que cada vida tem para o Senhor que as formou. Então, se manteve firme, a despeito do sofrimento que tivesse que enfrentar.
Essa mulher aplicou toda a sua alma, todo o seu entendimento, todo o seu coração e toda a sua força, sabendo que não havia outra solução! E acredito que tenha sido o próprio Espírito do Senhor que tenha construído toda essa situação. Ele usou os graves acontecimentos na vida daquela mulher, a fim de levá-la a buscar a Cristo, o Salvador! Tendo feito isto, permitiu que a história se desenrolasse daquela forma, com os discípulos tecendo seus comentários, com a mulher perseverando atrás deles, para que tudo fosse registrado da forma que foi e muitos aprendessem mais um pouco sobre viver o Reino, pois a ação de Deus sempre tem uma amplitude que não se percebe no momento imediato que ela acontece!
Firme ela estava e firme ela continuou: “Ela veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!” (15:25). Não reclamou do silêncio de Jesus, não reclamou de Suas duras palavras! Ela O adorou, como o Deus que é, e continuou clamando por ajuda. Ela não iria desistir, até que tivesse uma resposta definitiva.
Mas, então, Jesus é ainda mais duro com a mulher: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (15:26). É importante que se entenda que os judeus religiosos daquela época consideravam os gentios menos do que cachorros aos olhos de Deus. É claro que Jesus não aceitava isto; Ele jamais daria uma conotação de inferioridade racial a qualquer das criaturas do Pai Criador. Mas Ele sabia que essa mulher estava consciente da atitude dos judeus em relação aos gentios. E, uma vez mais, Ele a estava provando.
E, diante disto, a mulher fecha a conversa com chave de ouro: “Senhor, eu continuo crendo no que afirmei a Seu respeito. Eu sei que Você é Deus e Se importa com todas as pessoas! Sei que Você é poderoso para sustentar todas as coisas! Por isto, não estou pedindo que Você deixe de atender a nenhum dos Seus. O que peço é que Você permita que eu também seja tocada por fragmentos da Sua Glória!”.
Que fé!!!! Que fé!!! Ela não se deixou abalar pelas circunstâncias negativas à sua volta! Ela olhou firme para Jesus! Ela não desviou o seu olhar de Jesus! Ela não considerou que sua filha pudesse não ser merecedora de ajuda! Ela não pensou que, talvez, ela mesma não fosse merecedora de ser atendida, mesmo diante das negativas que lhe foram apresentadas! Ela perseverou! Ela amou ao Senhor e amou a pessoa pela qual estava intercedendo, mais do que a si mesma, que estava ali sendo exposta à vergonha e ao desprezo!!!
Fico pensando o quanto ainda tenho que aprender com este exemplo...
20 comentários:
René,
Essa passagem me toca profundamente porque trata do clamor de uma mãe e que pertencia a outra cultura completamente diferente. Mas que O reconheceu como SENHOR.
Seu coração de mãe a motivou a abordar Jesus, ela que não fazia parte daquele grupo, como diz você, e pior, por pertencer a um povo detestável, ordenado pelo próprio Deus para ser destruído.
Mas Deus não resiste ao clamor de quem Lhe pede compaixão com uma persistência como aquela, revelando uma fé que ia aumentando cada vez que se interpunha aparente empecilho.
Jesus é maravilhoso! Como diz você, Ele viu além. Ele percebeu que aquela mulher, mesmo tendo vindo de uma crença religiosa perversa, estava se rendendo a Ele.
Ela veio E O ADOROU!
Quanta lição! De alguém considerada "de fora"...
Amei a postagem!
R.
Valeu, Rê!!!
Percebo, nessa passagem, também a perseverança no clamor, na intercessão. E isto, em fé! Em submissão às agruras das circunstâncias, sem desmoronar diante delas. Conheço alguns casos assim...
E o outro detalhe foi a ação do Espírito Santo, revelando a Deus em Jesus para ela, antes mesmo que ela tivesse esse encontro com Ele (Jesus).
Creio que isto aconteça sempre, com todas as pessoas. E estas crêem ou não! Ela creu, confiou e buscou um encontro pessoal com Jesus! Quando o conseguiu, intercedeu por quem ela sabia que também necessitava muito dEle!
Bjs, minha amiga!
MEU AMIGO,
Você sabe que agora eu vou ter muito pouco tempo para estar presente até mesmo em meu blog né?
De qualquer forma, estarei acompanhando as postagens de vocês na medida do possível. Não consigo imaginar ficar sem ler textos maravilhosos como este escrito por você e por nossos amados amigos...
Eu mesmo fui alvo desta intercessão! Agradeço a Deus em primeiro lugar e a pessoas como você que EU SEI que oraram muito para que minha portinha se abrisse!
Muito obrigado meu querido, de coração!
JC
Não há o que agradecer, JC! Não foi por causa de seus belos olhos azuis que intercedemos por você! Foi porque o Senhor nos moveu a isto!
Realmente é pena que a gente tenha que ser privado da sua presença mais um pouco, mas vale o sacrifício. Tenho certeza que o Senhor fará grande obra em e através de você!
Falando nisto, quando começam as aulas?
Forte abraço, meu amigo, e continue na Paz!
Renê,
tõ com a Regina..a sensibilidade da mãe foi um negocio a parte, ne? em reconhecer que em jesus sua filha seria liberta!
queridão, ótimo fim de semana!
Valeu, Herrera!!!
Ótimo final de semana pra você também!!!
Abração e muita Paz!
René, o silêncio de Jesus que vc cita no texto, é a pedagogia para tratar com nossas ansiedades, que vez ou outra precisam ser colocadas no devido lugar, para então dar espaço a graça que nos sustenta e a dimensão de quem nós somos e de "QUEM" nós somos.Espero conseguir terminar o texto que te falei até segunda pra postar no blog.Um abração, Franklin
É isso mesmo que entendo, Franklin: esse silêncio é pedagógico e imprescindível!!!
Estou aguardando ansioso por seu texto!
Forte abraço e continue na Paz!
O JC tem olhos azuis?
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Foi mal, num resisti!
rssssssss É por não ter, mesmo, que eu falei o que falei!!! rssssssssss
Preciso concordar com o Franklin.
Jesus faz o serviço completo!
Trata a dor, a ansiedade e estabelece integridade a soma.
Esta interação entre ele e a mulher é algo comovente, mexe com as entranhas.
Paulão disse que este amor nos constrange, mexe por dentro feito dor de barriga aguda, de um jeito sensacional que só Ele pode promover.
Texto bom para degustar vários dias, quero que ressoe por minha vida.
Vou pegar tá?
O pastô acha mesmo que estamos na intercessão porque ele é todo sarado e menino do rio, oh ledo engano!
nois te ama, rapá!!
O&A
kkkkkkkkk Pois é, Dri,
O menino do Rio, a estas alturas, tá mais pra vovô do Rio! rssssss Ah se não fosse o amor que Jesus nos deu...
Gostei do "mexe com as entranhas"! É bem por aí mesmo! Paulo deve ter experimentado isso às pencas, pra nos legar essa conclusão pra lá de verdadeira sobre o amor de Jesus!
Já pegou? 'Cê sabe que não precisa pedir, nem avisar! A casa é sua! Fique totalmente à vontade!!!
K&H, como tá dizendo o Pastô atualmente!
Primo,
Foi muito bom ter lido este texto hj pela manhã, pq estou num momento da vida q estou revendo tdo, e uma coisa q me chamou a atenção foi q essa mulher nao teve orgulho algum, qdo Jesus fala akilo no versículo 26, maravilha, ela me mostrou, q ela não virou as costas já q ali ela poderia ter interpretado como uma rejeição, essa sua atitude me mostrou q diante de tantas coisas como cristã preciso fazer diferente.
Um super beijo.
Prima,
Que bom 'vê-la' por aqui!!!
Você achou um ponto muito importante, nessa questão toda: humildade! Quantas vezes nos sentimos 'ofendidos', por não recebermos respostas de Jesus, ou por recebermos respostas diferentes daquilo que esperávamos. A gente esquece que Ele nunca nos ofenderia e, principalmente, nunca nos rejeitaria, diante de nossa sinceridade! Quando parece que isto está acontecendo, devemos receber Sua atitude como provação da nossa fé!
Imagina o quanto Abraão deve ter falado com o Senhor, enquanto se dirigia ao monte para sacrificar Isaque. Ele deve ter pedido muito, pra que Deus modificasse aquela ordem. E só recebeu o silêncio, durante a caminhada. Ele deve ter se sentido pra lá de rejeitado. Mas continuou. E o final...
A diferença a que você se refere está no descansar em Deus, enquanto se caminha!
Beijão enorme e muita Paz!
Olhos azuis... saradão e menino do Rio...
Gente, o JC tá com tudo e não tá prosa heim.....
Não se engane, Wendel!!! Este é um caso clássico de "a beleza está nos olhos de quem a vê"!!!
Só foi eu falar que ia ter pouco tempo para entrar que já fizeram um bezerro de ouro né?
Caramba! Passei a ter olhos azuis, fui "promovido" à menino do Rio. Oh, meu Deus! Tudo isso pelas costas!
Quanto às aulas senhor, elas já haviam começado antes de'u me matricular. Tô na roça!
Mais ou menos isso! Só que o tal bezerro, pela idade, já é uma rês bem crescidinha!!! E os olhos azuis, são o reflexo das lentes de contato pra vista cansada!!! kkkkkkkkkkkk
Quanto às aulas, vai ter que correr mais do que os outros, então, não?
Meu irmão, preciso demais aprender com esta mulher. Ótimo texto. Obrigado. Paz e bem.
Pois é, Cláudio,
Acho que a consciência dessa necessidade é a melhor coisa que pode nos acontecer inicialmente!!!
Forte abraço e Paz!
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